Foi com o coração partido que o Movimento Famalicão Sem Correntes recebeu a notícia que nunca esperava receber. Embora aconteça com mais frequência do que se pensa, sempre que se despedem de um animal encaminhado para a sua nova vida, os voluntários da causa animal não se preparam para a devolução de um cão ou gato. E no caso de Boby não foi diferente.
“A tutora está em processo de separação e vai emigrar deixando para trás o nosso Boby”, lamenta à PiT a associação. O cão foi adotado há alguns meses e na altura, os cuidadores tinham a certeza de que após tanto sofrimento, seria feliz para o resto da vida. “Não podemos permitir que ele uma vez mais chore e sinta o desprezo humano”, acrescentou.
Boby foi retirado da progenitora quando ainda “mal abria os olhos” e entregue como um presente para um casal de idosos em Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga. Com a energia de um filhote, que gostava de brincar, os seus então donos decidiram acorrentá-lo numa árvore, apenas com uma panela velha e um farrapo, para o impedir de “fazer asneiras”.
O patudo lá ficou durante os cinco anos seguintes. No frio, tinha o pelo “constantemente molhado” e no verão, não tinha como se refrescar. Apesar de chorar e ladrar, só era tratado com indiferença.
Quando os voluntários da equipa de Famalicão souberam da situação, foram de imediato até ao local e o patudo ladrou para proteger o único bem que tinha: o seu farrapo. “Foi nos dito que ele era mau e agressivo mas não foi isso que vimos. Vimos um cão triste, isolado e carente”, recordou à PiT na altura.
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Durante as semanas que se seguiram, os voluntários visitaram frequentemente o cão até que depois “várias abordagens, conversas e apelos ao coração” os donos aceitaram que o levassem pela primeira vez ao veterinário para tentar encontrar uma nova família. Mas assim como a vida que teve, o processo não foi fácil. Não encontravam alguém que o acolhesse, irritando os então responsáveis que começaram a ver Boby como um “estorvo”.
Numa das últimas visitas, o seu dono chegou a dar um ultimato: “Ou retirávamos o Boby ou ele lhe daria um tiro, fazendo cessar o ‘estorvo’”. Com a ajuda da ComRaça — Equipa Resgate Animal, conseguiram tratar de Boby, que foi vacinado, desparasitado e castrado.
Nesta altura, foi finalmente recolhido e encaminhado para uma família de acolhimento temporário. Porém, mais uma vez, teve o caminho à felicidade “desviado”. Com o tempo, os voluntários descobriram que o patudo tinha passado “de mão em mão” sem o conhecimento da associação. Aí, não pensaram duas vezes antes de o retirar e encaminhá-lo para alguém de confiança.
Agora, passado um ano após o seu resgate, parece que Boby voltou ao início da sua jornada e está, novamente, à procura de um lar. À PiT, o Movimento partilha que o cão seguirá para uma FAT esta semana, mas que ainda tem a esperança de o encontrar uma família definitiva. O patudo dá-se bem crianças e é muito sociável com outros cães.
Caso haja interesse em adotá-lo, pode entrar em contacto com o Movimento Famalicão Sem Correntes através das página do Instagram ou Facebook.
De seguida, carregue na galeria para conhecer Boby.