A presença de águias-de-Harris, com o intuito de afastar as gaivotas, já é uma constante desde 2019 no hotel The Yeatman, em Vila Nova de Gaia. A experiência correu tão bem que hoje há já mais espaços que optam pelo mesmo caminho nesta zona do país, como o World of Wine (WoW), o quarteirão cultural do Porto que reúne seis experiências, nove restaurantes, bares e cafés, uma escola de vinho, várias lojas, um espaço para exposições e outro para eventos. Mas não só.
Ainda em Gaia e no Porto, há também esplanadas que “contrataram” os serviços destas águias. Começou com o Lúcifer, mas já há mais três: o Dilius, a Leia e o Dupont. Foi o caso do McDonald’s da Ribeira do Porto, que aderiu em meados de maio.
Estas águias são treinadas pela empresa falcoeira TFalcon Madeira e — Joana Silva, sua representante no Porto, diz à agência Lusa que as quatro “trabalham por turnos”, fazendo diariamente a patrulha nos vários locais entre as 11 horas e as 19 horas.
O efeito dissuasor da presença das águias é grande, pelo que o seu uso para afastar gaivotas e pombos é assim a solução encontrada por muitos, que os contratam como “seguranças”.
As águias têm o seu peso controlado diariamente — devem pesar entre 650 e 660 gramas — e, dessa forma, o instinto de caça fica controlado, não havendo risco de atacar as gaivotas, até porque não é essa a intenção. A ideia é afugentá-las, não atacá-las.
“Os problemas causados por infestações de pássaros fora de controlo podem ser incontáveis. Os pássaros danificam propriedades enquanto procuram comida, constroem os ninhos ou tentam obter acesso a edifícios. Os excrementos são altamente ácidos e corroem superfícies como metal e madeira, e causam danos a roupas, veículos e pinturas”, diz a TFalcon num post na sua página de Facebook.
Além disso, “as aves também podem ser portadoras de várias doenças bacterianas, fúngicas e virais que podem transmitir aos humanos por meio do contato físico, contaminação de produtos alimentícios ou inalação de matéria fecal seca”, acrescenta, sublinhando que o resultado de todos estes perigos é o “risco de perda de receita devido a doenças, danos, litígios” ou, em casos extremos, encerramento por risco para a saúde ambiental.
A TFalcon salienta que o seu método mantém as infestações aviárias sob controlo, com as águias a espantarem as gaivotas sem recurso à caça tradicional.
Também no norte do país, a Ambisousa — empresa intermunicipal de tratamento e gestão de resíduos sólidos, que gere os aterros sanitários de Rio Mau, em Penafiel, e também de Lustosa, em Lousada, contratou a empresa de falcoaria Animal Experience para o controlo de gaivotas naqueles locais de deposição de resíduos.
Já em 2014, os responsáveis do porto do Funchal, na ilha da Madeira, decidiram combater a “praga” de gaivotas com recurso a duas águias contratadas pela Administração de Portos da Madeira (APRAM).
Percorra a galeria para saber mais sobre estas águias-de-Harris e os seus acompanhantes humanos.