A PiT e a Delta Q juntaram-se para apoiar uma associação de proteção animal, todos os meses, ao longo do próximo ano. O mês de junho marca o arranque desta iniciativa, com a Associação Animais de Rua, que nasceu no Porto em 2008 e está hoje espalhada por todo o país, tendo já ajudado perto de 50.000 animais.
Sofia Róis, de 40 anos, diretora executiva da associação, sempre teve animais e não imagina a sua vida sem eles. “Além de ser família de acolhimento temporário, tenho duas gatas, um gato e uma cadela. Tenho uma família numerosa e muito feliz”, conta à PiT.
“O voluntariado na causa animal fez sempre parte da minha vida, desde adolescente. Comecei a fazer voluntariado em associações zoófilas, de onde fui trazendo vários animais. Um dia achei que podia ajudar muito mais do que apenas adotar e foi quando conheci a Animais de Rua. Acredito na sua visão e missão, que passaram a ser também minhas”.
Doutorada em Biologia, Sofia Róis ingressou na Animais de Rua em 2009 e desde cedo participou no crescimento e nos sucessos da mesma. Durante dez anos foi responsável pela coordenação dos núcleos da associação, ao nível da coordenação pedagógica e gestão dos projetos a nível nacional. Em 2020, assume as funções de CEO, posição que mantém até hoje.
A visão dos voluntários da Animais de Rua é muito clara. Sonham com uma sociedade portuguesa em que os animais sejam vistos como uma parte valiosa da comunidade. Para isso, definiram como missão “providenciar aos poderes nacionais e locais, instituições e comunidades, os conhecimentos, os recursos, a capacidade e o desejo para melhorar o bem-estar animal e garantir que as suas necessidades são ativamente supridas”.
E como concretizam essa missão? “Trabalhamos com mais de 20 municípios, de norte a sul do país, na implementação dos programas CED (Capturar, Esterilizar, Devolver)”, explica Sofia.
A associação implementa estes programas com gatos errantes, maioritariamente assilvestrados (que vivem por conta própria na natureza), mas também recolhe, esteriliza e prepara para adoção (sempre que existem famílias de acolhimento temporário disponíveis) — ou seja, não devolve à rua — os gatos domésticos abandonados, porque já tiveram uma casa e não se adaptarão a viver na rua.
E os voluntários, a começar pela sua diretora executiva, sabem bem o que é lidar com animais que sofreram na pele o abandono e os maus-tratos. “Todos os animais que passaram pela minha família me marcaram, mas diria que a cadela Zia, que adotei em 2007, foi a que fez com que percebesse melhor os traumas associados aos animais que são maltratados e que mesmo assim voltam a confiar no ser humano”, conta Sofia Róis.
“Foi um trabalho de muitos meses de dedicação e aprendizagem. Muito amor depois, tornou-se uma cadela que, apesar de manter alguns medos, confiou em mim e fez de mim uma humana muito feliz nos 13 anos que viveu comigo. Sou-lhe muito grata pela oportunidade de me ter ensinado tanto e de poder hoje em dia ajudar tantos outros animais”, relata.
Os pesados encargos da Animais de Rua
Nessa ajuda que presta aos animais que mais precisam, a Animais de Rua tem o seu grande foco na captura, esterilização e devolução. E devido ao facto de o investimento de muitas câmaras municipais ainda ser diminuto, este acaba por ser o seu grande encargo. Tudo em nome do combate ao flagelo das ninhadas intermináveis e dos animais que nunca terão um lar e que, não estando esterilizados, contribuem para que a situação de errância se avolume.
E como se processa toda a operação? “Os gatos errantes que vivem nas colónias de rua são submetidos ao programa CED e continuam a ser monitorizados após a sua devolução às colónias de proveniência. No caso dos gatos dóceis, como não temos abrigo, trabalhamos com uma rede de famílias de acolhimento temporário que têm uma importância extrema no encaminhamento dos animais com potencial de adoção”, refere a diretora executiva da associação.
Além do programa integrado de controlo populacional de animais errantes/silvestres, a associação também ajuda os animais pertencentes a famílias de poucos recursos, facilitando-lhes o acesso a cuidados médico-veterinários e alimentação.
O que pode fazer para ajudar
Tudo isto acarreta elevados custos. Por isso, pelo encargo financeiro que têm, desenvolveram alguns meios de suporte. Um deles é o número de telefone solidário (760 300 161) — basta ligar e já está a contribuir.
E há mais formas de ajudar, como é o exemplo do cartão amigo: a partir dos 3€ mensais, poderá subscrever o cartão do amigo da Animais de Rua, tendo assim descontos nas lojas parceiras da associação. “É um cartão digital e é só mostrar o código promocional da Animais de Rua”, explica Sofia Róis.
Também pode ajudar sendo voluntário, adotando ou apadrinhando, doando ou tornando-se sócio da associação. E há ainda a loja online da associação, “onde há diversos artigos que pode adquirir, estando assim a contribuir diretamente para ajudar-nos a ajudar”.
Para lá das verbas financeiras sempre tão necessárias, há produtos que também fazem muita falta. A associação precisa de alimentação de qualidade (paté e ração), já que, pelo facto de serem animais de rua, têm menos defesas e uma boa alimentação ajuda. Também são bem-vindos resguardos para trocar nas transportadoras e toalhitas para os dias de recobro pós-operatório.
Formações e programas educativos
Além do seu trabalho no terreno, a Animais de Rua é também uma entidade formadora certificada pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho. Neste âmbito, promove masterclasses, workshops e ações de formação, destinadas a médicos veterinários, centros de recolha oficial, organizações de proteção animal, entre outros, que pretendam iniciar-se no método CED, e em outras matérias relacionadas com as boas práticas de bem-estar animal.
Nos últimos anos, a Associação Animais de Rua tem dado ênfase também ao Programa Educativo que desenvolve nas escolas dos municípios com os quais colabora, e conta já com dois livros infantis (“O Pimpão” e o “Aqui há gato!”), que retratam a problemática do abandono e a sensibilização para uma sociedade mais responsável em matéria de bem-estar animal.
Todo este trabalho é levado muito a sério. No seu website, a Animais de Rua tem um contador que marca o número de animais ajudados desde 2009 — ano em que informatizaram toda a informação — e neste momento o marcador está nos 45.141 animais. Quer fazer parte deste esforço e ajudar a aumentar o número do contador?
Percorra a galeria para conhecer melhor a Animais de Rua, que é a primeira associação a ser ajudada pela PiT e pela Delta Q e que conta com sete núcleos de atuação em todo o país, um deles na ilha açoriana de São Miguel.