Há pouco mais de duas semanas, Spike foi eleito o cão vivo mais velho do mundo aos 23 anos. Mas nesta quinta-feira, 2 de fevereiro, perdeu o título para Bobi. Apesar de acontecimentos como este acontecerem diariamente para o Guiness World Records, desta vez, tem um gosto especial para nós: Bobi é um Rafeiro do Alentejo e 100 por cento português.
Bobi não é apenas o cão vivo mais velho, é também o mais velho de sempre, com 30 anos e 266 dias. O canídeo vive em Conqueiros, no Distrito de Leiria, com a família Costa desde o dia em que nasceu. Hoje, carrega o título de mais velho do mundo pelo Guiness, mas quando bebé, esteve perto de ter uma vida curta.
O cão e outros três cachorros nasceram num barracão onde a família guardava lenha. Por causa do elevado número de cães que já tinha, o pai de Leonel Costa, que na altura tinha 8 anos, disse que não podiam ficar com as crias. Quando a cadela Gira, mãe dos filhotes, se distraiu, os pequenos foram retirados e mortos. No entanto, a família não percebeu que tinha deixado um para trás.
“Infelizmente, nessa altura era considerado normal pelas pessoas mais velhas que não podiam ter mais animais em casa enterrá-los num buraco para que não sobrevivessem”, explicou Leonel ao Guiness. Nos dias seguintes, porém, o jovem e os seus irmãos acharam estranho o comportamento da cadela que, supostamente sem filhotes, ainda visitava o barracão. Houve um dia que resolveram investigar e descobriram o pequeno Bobi.
Desde então, resolveram manter a descoberta em segredo. “Sabíamos que quando o cachorro abrisse os olhos, os meus pais não iriam mais enterrá-lo”, disse. “Era de conhecimento popular que esse ato não poderia ou deveria ser feito”.
Os filhotes demoram entre uma a duas semanas para abrirem os olhos pela primeira vez, só conseguindo fazê-lo quando o seu sistema nervoso central está totalmente desenvolvido e os seus olhos formados. E quando os pais de Leonel finalmente descobriram o cão, este período já havia passado. Como resultado, Bobi era oficialmente um membro da família.
“Confesso que quando descobriram que nós já sabíamos, gritaram muito e castigaram-nos”, recorda Leonel. “Mas valeu a pena e foi por um bom motivo”. E que bom motivo. Hoje, aos 38 anos, Leonel continua a ser o tutor de Bobi, que bateu o recorde de Bluey, um cão australiano que morreu aos 29 anos e até então, era considerado o mais velho de sempre.
O segredo da longevidade?
“Só o Bobi poderia responder isso se conseguisse falar”, responde Leonel Costa. O tutor acredita que o que contribui para a longevidade do cão é a liberdade que tem desde que nasceu e o facto de viver num ambiente “calmo e longe das grandes cidades”. Além disso, Bobi cresceu rodeado por vários outros animais e é “muito sociável”.
Apesar de hoje já não ser tão aventureiro, divide o dia a dia com quatro gatos. Por causa da idade já avançada, tem dificuldades em deslocar-se e já não vê muito bem. Por causa disso, passa o dia deitado a descansar. Já a sua dieta, foi sempre a mesma. “Tudo o que comemos, os animais também comem”, diz o tutor. “Ele bebe muita água, cerca de um litro por dia. E urina várias vezes”.
O tutor partilha ainda que Bobi faz visitas regulares ao médico veterinário. E nas últimas três décadas, só esteve doente uma única vez em 2018, quando teve problemas de respiração. No entanto, conseguiu recuperar e hoje está “num bom estado” para a idade que tem.
Atualmente, Bobi é o último de uma “longa geração” de animais na família Costa. “Nunca tinha pensado em registá-lo para bater o recorde porque felizmente os nossos animais sempre duraram muitos anos”, confessa Leonel. Gira, a mãe do recordista de quatro patas, viveu até os 18 anos. E Chicote, outro cão da família, morreu aos 22.
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