As associações de proteção animal debatem-se, todas elas, sem exceção, com muitas dificuldades para conseguirem fazer frente às muitas despesas diárias com a alimentação dos animais, além das contas veterinárias na ordem dos milhares de euros, produtos de limpeza e desparasitantes. Todas elas sobrevivem a custo, muitas com a ajuda de sócios e donativos, e para conseguirem angariar as verbas de que precisam recorrem a muitas soluções, como participar em feiras e organizar leilões com produtos que lhes são doados, além de organizarem “cãominhadas” e almoços ou jantares solidários.
Há também já muitas associações que criam agendas e calendários com os seus animais, de modo a poderem encaixar mais algum dinheiro e ficarem menos aflitas com as faturas mensais.
A Associação para Proteção dos Animais de Rua (APAR) de Moncarapacho/Fuzeta, no Algarve, é um desses exemplos e está para breve o lançamento do calendário de 2023 – à semelhança do que fez em 2021 e 2022 –, em que as estrelas de cada mês são os animais que resgata. Mas este ano há uma novidade.
A associação algarvia anunciou no domingo, 20 de dezembro, que se associou aos Bombeiros Municipais de Olhão para uma sessão fotográfica muito especial. “Surgiu-nos a ideia de fazer o nosso calendário de 2023 juntando os nossos meninos aos bombeiros, que são um apoio precioso para a APAR”, sublinham numa publicação no Facebook.
A iniciativa de juntar 12 patudos aos soldados da paz superou as expectativas. “Foi uma tarde bem divertida para todos e jamais esperávamos que uma ideia que inicialmente pareceu tão descabida fosse tão bem conseguida. Todo o trabalho realizado excedeu em muito as nossas expectativas e o resultado desse trabalho foi fantástico. O quartel inteiro foi mobilizado, em prol da nossa causa e o profissionalismo, dedicação e carinho demonstrado foi enorme!”, referem.
Um calendário solidário que está à venda em breve
“O trabalho de ontem será apresentado em breve, com a venda dos calendários APAR 2023. Aproveitamos para agradecer a todos os bombeiros presentes, que foram incansáveis”, diz ainda a publicação.
A associação deixa ainda “um especial agradecimento ao senhor Comandante dos Bombeiros de Olhão e ao senhor vereador da Câmara de Olhão, Ricardo Veia Calé, que prontamente acederam ao nosso pedido”. “Um bem-haja a todos. As novidades chegarão brevemente”, remata o post.
Também o Corpo de Bombeiros Municipais de Olhão, já com 91 anos de existência, fez uma publicação a anunciar a iniciativa solidária, com um “agradecimento especial a todos os presentes”.
Natália Bento, presidente da APAR, disse à TVI – foi assistir à sessão fotográfica – que muitos animais são resgatados da rua, abandonados, muitos até de baldes do lixo. A associação recolhe-os, faz a socialização e tenta que esqueçam aquilo por que passaram. “No ano passado tínhamos 150 animais recolhidos, este ano vamos nos 300”. E isso traz despesas adicionais. “Quero sempre estar segura de que tenho comida para todos na semana seguinte e neste momento não estou. Só tenho comida para três dias”, desabafou.
Crise vai piorar situação e calendário ajuda a angariar verbas
E as coisas podem piorar. “Acredito que a crise também vai ajudar a isso, porque as pessoas vão perder as casas, o custo de vida familiar vai aumentar muito e as pessoas não conseguem, porque ter um cão custa muito dinheiro”, lamenta Natália Bento.
Os bombeiros são muitas vezes responsáveis pelos resgates e estão lado a lado com os voluntários, pelo que a iniciativa do calendário solidário foi recebida de braços abertos. “Damos o nosso empenho e serviço e esta iniciativa serve também para ajudar a associação, que tem muitas necessidades”, declarou à TVI o subchefe de segunda classe dos Bombeiros de Olhão, Luís Maria.
Percorra a galeria para ver algumas imagens desta sessão fotográfica e conhecer os calendários de 2021 e 2022.