Cercada por cimento e grades. É assim que Bua Noi passa os seus dias no Pata Zoo, um jardim zoológico privado nos últimos andares do centro comercial Pata Pinklao, em Banguecoque, na Tailândia. Já vive assim há mais de 30 anos com apenas alguns pneus para servir de distração. Apesar dos esforços das organizações e defensores da causa animal, até o momento nada foi aceite pelo espaço para libertá-la.
Bua Noi é a última gorila a viver em cativeiro no país. Nas redes sociais, ganhou a fama de “a mais triste do mundo”. E não é a única. O Pata Zoo conta com outros animais, entre primatas, cabras, roedores e répteis. Segundo o fotógrafo polaco Andre Skowrom, que se dedica a fotografar a exploração animal e visitou o jardim zoológico em 2020, o espaço foi fundado por um traficante de animais e as condições são “péssimas”.
“A sala está cheia de escuridão e um odor sufocante que te atinge desde a entrada. Gaiolas e terrários são pequenos, sujos, desatualizados e sem equipamentos adequados”, disse num testemunho. No sexto andar, há um espaço onde os animais, em especial os primatas, são “forçados a apresentarem-se em público”.
A gorila conhecida a nível mundial chegou no Pata Zoo na década de 80, de acordo com a People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), uma organização que promove o bem-estar animal. Apesar de relatos inicias constar que tenha vindo da Alemanha, segundo o ativista Daniel Stiles, citado pelo jornal malaio “The Star”, a primata foi capturada na Guiné Equatorial quando era bebé e vendida por um traficante alemão direto para a Tailândia.

As tentativas de resgate não param
Após a saída dos grandes felinos do Pata Zoo, como os tigres e leopardos, Bua Noi passou a ser a principal atração. Em comunicado, a PETA Asia referiu que já entrou em contacto com o seu proprietário vários vezes com o intuito de transferir os animais para um santuário onde teriam “árvores para subir, relva e muitos outros animais para uma socialização”. No entanto, não teve sucesso.
Por outro lado, a PETA Asia não foi a única a lutar pela liberdade de Bua Noi. Outras organizações já tentaram fazer o mesmo através de uma petição pública que reuniu cerca de 120 mil assinaturas. Porém, o pedido foi recusado pelo Pata Zoo. Na altura várias celebridades chegaram a partilhá-la, como a atriz norte-americana Gillian Anderson e a cantora Cher.
Mais recentemente, em 2022, o Ministério do Meio Ambiente tailandês também tentou negociar a compra de Bua Noi por cerca de 830 mil euros (30 milhões baht tailandês). A oferta tornou-se viral e tinha como foco levá-la para um santuário na Alemanha. Mas o pedido foi também rejeitado pelo jardim zoológico.
Devido à idade já avançada, estima-se que Bua Noi não sobreviveria a uma viagem longa. Por causa disso, teria de ser transferida para um santuário na Tailândia. O problema, porém, permanece o mesmo.
O holandês Edwin Wiek, fundador da Wildlife Friends Foundation, um santuário natural a cerca de 200 quilómetros de Banguecoque, ofereceu-se para acolhê-la. O diretor acredita que pagar um valor alto por Bua Noi não é “moralmente correto”, mas disse que está disposto a recebê-la assim como os restantes animais ou, pelo menos, os outros primatas. Contudo, o Pata Zoo também não demonstrou interesse na proposta.
Apesar das contínuas tentativas de libertar Bua Noi e os restantes animais, as autoridades de vida selvagem da Tailândia frisam que “nada pode ser feito”, visto que o jardim zoológico está a operar legalmente. No entanto, as organizações não pretendem desistir.
Carregue na galeria para conhecer Bua Noi e os outros animais a viverem no Pata Zoo.