Animais

Cadela desaparecida sobrevive 19 dias em tempestade de neve

A Boxer assustou-se durante um acidente e saltou para fora do carro da dona. Esteve sozinha durante três semanas até ser salva.
Marlee é uma sobrevivente.

“O melhor dia da minha vida foi quando a minha filha nasceu e acredito que este seja o segundo porque tenho a minha bebé de volta”, disse o tutor Jim Berzinks ao canal norte-americano FOX 11, a relembrar o momento em que se reuniu com a sua cadela Marlee. A mix de Boxer com Bulldog de dois anos sobreviveu mais de três semanas sozinha numa tempestade de neve que atingiu a cidade de Big Bear.

Localizada na Califórnia, Estados Unidos, é aí que o final de um ano e o início de outro é sempre sinal de alegria. O motivo? É a época com mais neve na cidade e pessoas de todo o país, e até mesmo de fora, chegam para visitar as belezas naturais da região, como as montanhas cobertas de neve, os lagos congelados, as estâncias de ski, os resorts, as acomodações de madeira e muito mais. E o mês de fevereiro é o melhor.

Foi exatamente por isso que a jovem Lizbeth, o seu pai, Jim, e Marlee escolheram esta altura para ir de férias. No entanto, o que era para ser um fim de semana feliz, tornou-se num pesadelo quando o carro da jovem deslizou na estrada e bateu num monte de neve. Apesar de ninguém ter ficado ferido no acidente, Marlee assustou-se, saltou para fora do veículo e correu para longe.

Lizbeth saiu do carro de imediato e tentou perseguir e chamar a patuda, mas a Boxer rapidamente desapareceu. Desesperada, a jovem recorreu às redes sociais para partilhar fotografias da cadela, assim como colocar panfletos pelo bairro a noticiar o seu desaparecimento.

Após quase três semanas sem notícias, Lizbeth e Jim começaram a perder as esperanças. “Achei que ela tinha morrido”, confessou a jovem àquele canal norte-americano. No entanto, uma nova fotografia de Marlee a andar pela neve foi publicada num grupo local da cidade. “Avistamos este ‘miúdo’ próximo da nossa casa, estava muito magro mas não conseguimos apanhá-lo”, lia-se na publicação.

O “cão” era, na verdade, uma cadela. E todas as noites, a câmara de vigilância da casa de Jenny Shelton apanhava a patuda no meio da tempestade a comer a comida que a voluntária de resgate animal há mais de 30 anos deixava do lado de fora para cães e gatos vadios. Houve um dia, porém, que o seu filho resolveu seguir as pegadas na neve, com um pedaço de frango na mão, para tentar encontrá-la.

“Ele conseguiu alimentá-la e quando ela se aproximou, agarrou-a com toda a força e ligou para a Jenny”, disse Lizbeth. A voluntária e o filho acolheram Marlee em casa enquanto a tempestade passava e durante este tempo, mantiveram contacto com o tutores da Boxer pelo Facebook. Quando a tempestade acalmou, desceram a montanha para a devolver. E Marlee não escondeu a alegria.

Apesar de a cadela ter conseguido encontrar comida nos últimos dias que passou na tempestade, não foi sempre assim. Nos primeiros dias, Marlee ficou completamente sem água ou comida. Ainda assim, sobreviveu.

“Os animais aguentam mais tempo com temperaturas mais frias. Não há tanta desidratação. A necessidade de água não é tão grande, porque a própria perda de água não é tão grande” explicou à PiT o médico veterinário Mário Ferreira, do Centro Médico Veterinário de São Nicolau, no Cartaxo.

Segundo o veterinário, a condição corporal do animal e a idade também influenciam as suas hipóteses de sobrevivência. “Se tiver uma boa condição corporal, aguenta melhor. Se for gordo, pode morrer mais rapidamente devido a problemas associados de saúde, como hepáticos e metabólicos”, referiu. E Marlee teve a sorte de ser tanto jovem, quanto saudável.

Agora, reunida com os tutores, Marlee vai passar um bom tempo longe da neve. Mas apesar do pesadelo que viveram, Jim e Lizbeth disseram que a história de resgate da patuda deu-lhes “esperanças na humanidade novamente”, algo que não sentiam “há muito tempo”. “Tenho agora o sentimento de que o mundo não é completamente mau”, frisou o tutor.

Carregue na galeria para conhecer Marlee.

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