Animais

Cães, gatos, pássaros. Todos eles pressentiram o sismo — e avisaram à sua maneira

Muitos animais conseguem detetar terramotos antes de eles ocorrerem, por se aperceberem das primeiras ondas vibratórias.
Sentidos apurados.

Na madrugada de segunda-feira, 6 de fevereiro, quando grande parte da população ainda dormia nas zonas da Turquia e Síria prestes a serem atingidas por um violento sismo, que teve réplicas com abalos igualmente muito fortes, já se sentia e ouvia um estado de alerta geral nos céus e nas ruas por parte dos animais.

Os cães uivavam, os gatos miavam e – os que podiam – fugiam, os pássaros esvoaçam e emitiam sons estridentes, num pânico partilhado pelos sentidos apurados. Há vídeos que o comprovam, tal como houve em muitos outros casos idênticos. Mas será que este pressentimento precoce está cientificamente documentado? Está, sim.

Há muitas provas científicas de que os animais conseguem detetar sismos antes de eles acontecerem. “Tal como os sismógrafos conseguem captar abalos não detetáveis pelo corpo humano, também os animais estão mais preparados para pressentirem os mais pequenos tremores de terra segundos antes de as potentes ondas de um sismo ocorrerem, dizem os cientistas. E alguns são mesmo capazes de os detetar antes de qualquer vibração”, sublinha o “The Washington Post”.

E a ciência comprova este fenómeno. O comportamento anormal de um animal nos segundos que antecedem um sismo é explicado pela diferença entre duas formas de ondas sísmicas. As ondas primárias são as primeiras a serem emitidas por um terramoto, “viajando” a vários quilómetros por segundo a partir do epicentro. Estas são as que os animais pressentem melhor. Depois seguem-se as ondas secundárias, que abalam o solo num movimento ondulante, explica o Departamento de Geologia dos Estados Unidos (USGS).

“Poucas pessoas se apercebem das ondas primárias, que são mais pequenas e que se movem rapidamente, chegando antes da onda secundária – que é mais potente. No entanto, muitos animais com os sentidos mais apurados conseguem pressentir essas ondas primárias antes de a grande onda chegar”, diz o USGS.

Animais da quinta também detetam um sismo

E não falamos apenas de cães, gatos e pássaros. Um estudo publicado em 2020 por investigadores do Max Planck Institute of Animal Behavior e da Universidade de Konstansz, na Alemanha, da Universidade de Camerino, em Itália, e da Academia de Ciências da Rússia, sublinhou que as vacas e ovelhas (e também os cães) de uma quinta em Itália tinham ficado anormalmente “superativas”, nalguns casos durante mais de 45 minutos, antes de alguns sismos ocorrerem nas proximidades.

O estudo demonstrou, desta forma, que os chamados animais da quinta podem ter capacidade para detetar sismos – e muito antes de estes se verificarem. As razões para os animais reagirem de forma pouco habitual ainda não é muito clara, mas os investigadores acreditam que a capacidade que eles têm para pressentir o perigo poderá estar relacionada com a capacidade de comunicarem uns com os outros.

“As vacas começaram por ‘congelar’ – não se mexiam. Isso deixou os cães nervosos, que ficaram muito agitados e começaram a ladrar. Depois ficaram as ovelhas muito agitadas. E tudo isso levou a que as vacas também ficassem como loucas, todas ao mesmo tempo”, declarou ao “The Washington Post” o principal autor do estudo, Martin Wikelski, administrador no Max Planck Institute of Animal Behavior.

E foi o que sucedeu agora também na Turquia e na Síria. Os animais deram o sinal de alerta antes de qualquer outro alarme soar. Muitos morreram junto dos seus donos, outros estão ainda a ser resgatados – com mazelas, mas vivos. Na Síria, por exemplo, o conhecido Santuário para Gatos do Ernesto ficou incólume. Na Turquia, muitas organizações de ajuda animal estão a receber aqueles que ficaram sem teto e as imagens dos resgates são comoventes.

Percorra a galeria para ver algumas fotos de animais que foram resgatados com vida e daqueles que estão a caminho – ou já lá chegaram – das zonas afetadas para ajudarem nas operações de busca e resgate, como é o caso do Pastor Belga Malinois Axe, da corporação dos Bombeiros de Albufeira.

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