Animais

Cantinho dos Animais dos Açores — há 10 anos a resgatar vidas em São Miguel

A associação reabilita animais encontrados em risco para posteriormente lhes encontrar um lar onde sejam felizes.
A doce Sira já teve o seu final feliz.

A PiT e a Delta Q juntaram-se para apoiar uma associação de proteção animal, todos os meses, ao longo do próximo ano. Neste mês de agosto damos a conhecer a Associação Cantinho dos Animais dos Açores, de Lagoa – São Miguel, que acaba de completar 10 anos de existência, ao longo dos quais resgatou mais de 1.800 animais.

Lucília Pereira, que está na direção da assembleia da associação, diz que tem “desde sempre” uma relação de grande amor com os animais – e os felinos encantam-na. “Tenho uma paixão enorme por gatinhos”, conta à PiT a voluntária de 50 anos, nascida em Ponta Delgada, a capital da ilha de São Miguel.

Com dois filhos, 11 gatos e um cão, a vida de Lucília é muito preenchida, tanto a nível familiar como profissional. É empresária no ramo da costura criativa e tem uma marca portuguesa registada, através da qual cria e confeciona peças para bebé e criança, na sua maioria. Mas não só. Lucília trabalha também no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, na UGPM (Unidade de Genética e Patologia Moleculares), na área covid.

Por amor aos animais, Lucília arranja ainda tempo para se dedicar aos que não têm a sorte de ter um lar, sendo uma das nove voluntárias que diariamente ajudam e recolhem animais em perigo.

Para Lucília Pereira, cujos interesses a nível pessoal vão também para a área de artes plásticas – “também pinto e adoro ouvir música clássica” –, é difícil esquecer muitos casos, de tão problemáticos que são. “O caso que mais me marcou pela negativa foi o do gatinho Salvador, que foi bastante maltratado por crianças”. Felizmente, há o outro lado: “o que mais me marcou pela positiva foi o de dois gatinhos com menos de uma semana de vida, aos quais tive de dar biberão, e que hoje estão lindos e saudáveis, já foram adotados”.

Resgatar, reabilitar e encontrar lares

A missão do Cantinho é avançar com todos os tratamentos necessários para o bem-estar de cada animal recolhido, no sentido de os reabilitar, para posteriormente poder encaminhá-los para familias responsáveis “onde possam ser felizes para o resto das suas vidas”. Mas desengane-se quem pensa que é tarefa fácil.

“Sobrevivemos com donativos, tanto monetários como em bens, nomeadamente artigos para vendermos, bens alimentares para os animais resgatados ou para famílias que apoiamos, e também produtos de limpeza ou artigos – como brinquedos”, sublinha Lucília.

E é uma sobrevivência difícil, já que há sempre mais animais para ajudar. “Estamos sempre a precisar de voluntários para participarem nas recolhas de alimentos, serem família de acolhimento temporário e fazerem transporte de animais”, diz a responsável que preside à assembleia da associação.

Além disso, salienta, “é cada vez mais difícil encontrar adotantes responsáveis para todos os animais que recolhemos. Para lá de todos os animais que recolhemos em situações de perigo, vítimas de maus tratos ou de acidentes, ainda temos a grave situação das ninhadas, principalmente de gatinhos”.

Um percurso de 10 anos

A Associação Cantinho dos Animais Açores foi fundada a 19 julho de 2012, com o objetivo de ajudar animais em perigo. “Naquela altura, os animais doentes, atropelados, feridos ou com alguma necessidade especial eram entregues nos centros de recolha oficiais e eram abatidos. O nosso objetivo, desde o início até ao presente, passa por reabilitar estes animais e dar-lhes uma oportunidade de serem felizes”, conta Lucília.

“Nós nunca desistimos de nenhum animal, lutamos para que sejam felizes, com qualidade de vida, e acreditamos muito na importância de continuarmos a fazê-lo”, afiança.

Um desses animais é o Maddox, um gato sem patas que, graças à associação, escapou à eutanásia e já tem duas próteses, tornando-se o primeiro gato biónico dos Açores.

E há mais casos especiais. “Já ajudámos várias tipos de animais. O nosso foco são os gatos e cães, mas já acolhemos furões, vários tipos de aves, coelhos, hamters e até tartarugas”, refere Lucília.

Sobre as maiores necessidades que a associação tem, Lucília diz que o Cantinho necessita sobretudo de apoio financeiro para continuar a salvar vidas. “Diariamente, recolhemos animais muito debilitados que necessitam de tratamentos longos e bastante dispendiosos”.

“A Associação sobrevive de donativos entregues pelos seguidores, aos quais agradecemos imenso, mas infelizmente não é o suficiente para o número cada vez maior de animais que temos acolhido, bem como para a gravidade do estado em que nos chegam”, acrescenta.

As comparticipações financeiras atribuídas pela Secretaria Regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural às associações de proteção animal dos Açores são muito bem-vindas, mas também não colmatam todas as necessidades. O Cantinho, que tem perto de 200 gatos e mais de 30 cães ao seu cuidado, tem atualmente uma dívida veterinária que supera os 45 mil euros.

Nestes 10 anos, a associação já resgatou mais de 1.800 animais e procedeu à castração e esterilização de mais alguns milhares – incluindos os animais que pertencem a famílias carenciadas e os gatos que fazem parte de colónias controladas.

Se quiser e puder ajudar, na página de Facebook do Cantinho encontra os dados para a transferência de ajudas monetárias e pode também contactar a associação para saber que artigos estão disponíveis nas vendas solidárias – e ainda saber quais os bens que mais estão a fazer falta, como brinquedos, patés para gato e artigos para venda.

Percorra a galeria para conhecer alguns dos animais ao cuidado desta associação açoriana.

ver galeria

ÚLTIMOS ARTIGOS DA PiT