Quando a SOS Bigodes recebeu um e-mail com mais uma denúncia, pensou que seria como as outras. Mas não estava à espera de viver uma verdadeira saga. A mensagem vinha acompanhada de um vídeo onde se via um “cão gordinho” preso à corrente. Terá sido enviada por um familiar do então tutor, que é alegadamente alcóolico e que “não quer saber” do animal.
“Ele não dava de comer ao cão e os familiares queriam dá-lo”, começa por contar à PiT Cristiana Melro, da associação em Barcelos, distrito de Braga. Devido às elevadas dívidas veterinárias, o grupo tem os resgates temporariamente suspensos, mas a voluntária não virou às costas e apresentou uma queixa à Guarda Nacional Republicana (GNR), que terá ido no dia seguinte até a casa.
Dez dias mais tarde, Cristiana foi atrás de uma atualização sobre o caso. Quando um animal é apreendido pelas autoridades, é encaminhado para o canil municipal e numa sexta-feira, a voluntária decidiu entrar em contacto com o centro de recolha de Barcelos.
“O veterinário informou-me que que o animal não estava lá, que não tinha dado nenhuma entrada porque não tinha espaço para o acolher”, recorda. “Depois liguei para a GNR e disseram-me que, de facto, não me conseguiam dar novidades”. Dias mais tardes recebeu outra denúncia sobre o mesmo cão.
Uma conhecida deparou-se com a situação do patudo e ligou para Cristiana a chorar. “Disse-me que o animal estava ali, a morrer à fome e que ninguém queria saber”, recorda. “A GNR voltou ao local por outros motivos e disseram que já tinha havido uma ocorrência por causa desse cão, mas que ele não teria sido recolhido porque a Câmara Municipal de Barcelos não tinha espaço no canil”.
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Já está seguro, mas associação precisa de apoios
Depois do canídeo não ter ficado no canil, o então tutor terá sido escolhido como o seu fiel depositário, isto é, uma pessoa responsável pela guarda e administração de bens durante um processo. “Falei com o veterinário municipal e disse-lhe que tinham que resolver a situação porque não é normal deixarem um dono que estava a deixar um cão morrer à fome ser o fiel depositário do mesmo”, lamenta Cristiana.
Na altura, a Câmara terá apenas obrigado o tutor a vacinar o patudo contra a raiva e colocar um microchip. “No estado em que ele estava, esquelético, essas duas coisas eram o que menos precisava”, aponta a voluntária. E a situação complicou-se ainda mais quando o dono foi internado e o título de fiel depositário foi transferido para a sua ex-companheira.
Revoltada, Cristiana decidiu intervir e com a ajuda da Associação Resgate e Adoção de Viana, conseguiu encontrar um abrigo para o patudo. Atualmente, a SOS Bigodes tem dívidas que chegam aos 7 mil euros e a protetora frisa que não tem condições para cuidar do cão, mas não conseguiria deixá-lo naquele estado.
Embora não tenha de pagar a sua estadia, Cristiana precisa de fundos para suportar os exames e cuidados do novo residente. “Precisamos muito de ajuda para liquidar todas as despesas porque mais uma vez era um caso que não podíamos acolher, mas não conseguimos fechar os olhos”, diz. “É muito grave, a queixa foi apresentada e vamos seguir com a queixa porque queremos justiça por ele”.
O cão terá cerca de cinco anos e não estava vacinado. É reativo a outros cães e a SOS Bigodes vai fazer o possível para reverter a situação. Para ajudar, pode enviar apoios através do MbWay (932463729, 967 150 643 ou 934983902) ou IBAN: PT50 0033 0000 4566 9853 3110 5.
De seguida, carregue na galeria para conhecer alguns dos animais já ajudados pela associação.