Animais

Cão que viveu 13 anos acorrentado é resgatado. Agora tem uma nova vida

Cansada de tentar falar com os detentores, a voluntária que o salvou decidiu levá-lo sem permissão. E não se arrepende.

Imagine que, certo dia, durante um passeio pela cidade onde vive se depara com um cão acorrentado do lado de fora de uma residência, no frio e sem qualquer abrigo. No dia seguinte, no mesmo local, percebe que o animal permanece ali. E o mesmo acontece nos dias seguintes. O que é que faria? A norte-americana Dareth Murphy teve de lidar com esse dilema e a certa altura, resolveu agir por conta própria.

Depois do primeiro contacto com o cão, a protetora animal decidiu perguntar aos vizinhos sobre a sua história. Quando descobriu que ele já ali vivia há pelo menos 13 anos, sabia que tinha de agir. No primeiro dia, bateu à porta da residência onde Buddy, como foi posteriormente batizado, vivia. Ninguém atendeu. No segundo dia, o cenário repetiu-se. No terceiro, desistiu de pedir permissão. 

“Na primeira manhã, decidi bater à porta e pedir que me dessem o cão. Passados ​​​​alguns minutos, voltei para o meu carro sem sucesso. Na manhã seguinte, regressei e não tive resposta. Pensei em levá-lo e deixar um bilhete, mas fiquei com medo e desisti”, recordou Dareth à revista “People”. “Na terceira manhã, bati à porta e andei pela propriedade, determinada a estabelecer contacto com o dono. Mais uma vez, ninguém veio. Eu sabia que era agora ou nunca, por isso soltei o cão em plena luz do dia e guiei-o até ao carro da ‘fuga’.

Naquele dia, a protetora recorda que sentiu uma adrenalina que nunca tinha sentido antes, mas ao mesmo tempo sabia que estava a fazer a coisa certa. Depois de partilhar o caso no Facebook, encontrou um casal de idosos disposto a acolher o cão. 

@xoangelbabyxo

 

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O resgate do cão demorou vários dias

A primeira vez que Dareth teve conhecimento da situação de Buddy foi em 2022, quando foi visitar o irmão que vive na mesma rua, na Virgínia Ocidental, nos EUA. De acordo com a lei estadual, os donos de cães devem proporcionar aos animais acesso a um “abrigo adequado”, que é definido por uma área longe da luz solar direta, com espaço suficiente para se sentarem, ficarem de pé, deitarem-se e virarem-se.

Ao longo do tempo, quando se apercebeu que a situação do cão não melhorava, decidiu agir. De porta em porta, fez um questionário a alguns dos vizinhos para tentar descobrir a história de Buddy.

“Queria descobrir se ele alguma vez ficava dentro de casa, quantos anos tinha e há quanto tempo estava lá fora. Um vizinho contou-me que se lembra quando os donos foram buscá-lo em 2011, quando era bebé”, partilhou. “Não demorou muito até que fosse acorrentado. Outro vizinho fez um buraco na vedação para lhe dar pratos de comida. Foi de partir o coração saber há quanto tempo isto estava a acontecer, e não podia passar mais um dia com ele lá fora.”

As conversas com os vizinhos foram suficientes para impulsionar Dareth a salvá-lo. Depois de o recolherem, a dupla dirigiu-se a uma clínica veterinária, onde se descobriu que Buddy tinha a urina cheia de sangue, resultado de uma infeção urinária que nunca foi tratada. Também não estava castrado e testou positivo para a doença de Lyme, transmitida pelas carraças.

“Como passou anos a roer uma corrente de metal pesada, era quase impossível determinar a sua verdadeira idade, uma vez que os seus dentes estavam quase completamente triturados”, lamentou.

Buddy acabou por ser acolhido pelo casal de idosos que demonstrou interesse na sua adoção e foi submetido a vários tratamentos. Hoje, parece um cão diferente. “Adora passear e também gosta de carinho. Teve mesmo o final mais feliz de sempre”, disse, animada.

Dareth nunca recebeu qualquer mensagem dos antigos detentores do cão. “Não tolero o roubo, mas também não tolero maus-tratos a um animal. É importante para mim ser uma voz para os que não têm voz e uma defensora de segundas oportunidades. O Buddy merecia algo melhor, e estou feliz por poder ajudar a trazer isso até ele.”

Em Portugal, um caso semelhante ao de Buddy chocou os protetores animais em Viana do Castelo. O cão Marley passou dez anos acorrentado até ser finalmente salva. Na primeira noite em que dormiu numa cama, com uma manta quentinha, “soltou barulhinhos de felicidade”.

De seguida, carregue na galeria para recordar a história de Marley.

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