Compaixão. É esta a palavra que está a ser usada pelos especialistas após um acontecimento invulgar chamar-lhes a atenção. Quando um cão vadio fugiu de um ataque de outros cães, o único lugar onde encontrou abrigo e sentiu-se seguro foi num rio. O problema é que foi rapidamente cercado por três crocodilos. Mas o desfecho foi diferente do esperado.

Em vez de o atacar, o trio ajudou-o a chegar num lugar seguro no rio Savitri, no estado de Maharashtra, na Índia. “Estes crocodilos estavam a tocar o cão com o focinho e a empurrá-lo para avançar para uma subida segura na margem e, eventualmente, escapar”, lê-se na pesquisa. A atitude surpreendeu os especialistas do Instituto de Vida Selvagem da Índia, que até então descreviam os répteis adultos como “predadores oportunistas”.

Num novo estudo, partilhado pela “Journal of Threatened Taxa”, uma publicação científica, estes descreveram o acontecimento como um “comportamento sensível sugestivo de empatia entre espécies”. Contudo, não deixaram de salientar que o “curioso” caso é uma característica invulgar para os crocodilos e a atitude pode ser facilmente explicada pela falta de apetite dos répteis. Ainda assim, na conclusão, optaram por referir os sentimentos dos animais.

“Propomos que este seja um caso de comportamento sensível dos crocodilos, o que resultou numa ‘empatia emocional’ entre espécies. Não é um comportamento muito investigado, embora a capacidade de uma espécie de experimentar os sentimentos emocionais de outra mereça reconhecimento”, acrescentou.

Os pesquisadores avançaram ainda que os répteis têm sido “subestimados” devido ao estereótipos que recebem, em especial aqueles que os consideram “máquinas mortíferas” devido ao pequeno tamanho do seu cérebro. “Os crocodilianos — que incluem os crocodilos, jacarés e gaviais — são indiscutivelmente os répteis não-aviários vivos mais complexos”, frisou.

Os animais apresentam comportamentos notáveis em vários contextos, como caça, camuflagem, mobilidade e interação social. E nesse caso, especialmente, acredita-se que a atitude represente mais “uma linha de empatia do que de comportamento altruísta”. Contudo, concluem: “Há pouca pesquisa feita sobre essas faculdades mentais dos répteis e este estudo abre as novas perspetivas para a compreensão do comportamento dos animais no geral”.

Por outro lado, os cães não são os únicos a receberem um comportamento especial. Nos Estados Unidos, o crocodilo Wally tornou-se viral após ser considerado o animal de apoio emocional do dono, Joseph Henney, de 65 anos. Com 1.22 metros e cerca de 27 quilos, o réptil faz parte da família de Henney e já foi avistado a andar de trela várias vezes.

Em declarações à CNN, o tutor assegurou que Wally nunca atacaria ninguém. “Ele é diferente de qualquer crocodilo com que já lidei nos últimos 30 anos”, disse. “Ele não mostra raiva, nem agressividade desde o dia em que foi resgatado. Nunca conseguimos entender o porquê”.

Carregue na galeria para ver algumas fotografias do crocodilo Wally.