A Associação Tarecos & Patudos vive horas difíceis. Tem apenas até terça-feira à noite para conseguir bons adotantes e famílias de acolhimento temporário para os seus 15 gatos e 19 cães, visto que no dia 27, às 10 horas da manhã, as autoridades irão retirar todos os animais que lá estiverem.
Esta associação de Vila do Conde, gerida por duas irmãs – Liliana e Cátia Oliveira –, com a ajuda de uma terceira, Mónica Oliveira, está legalizada e com tudo em dia no que toca aos seus animais. Acontece que o abrigo está localizado num terreno considerado ilegal, já que não tem licença de construção, e as autoridades consideram haver grande risco de incêndio.
As irmãs pensavam que teriam até setembro para conseguirem direcionar os seus animais para famílias de acolhimento – continuando a ser responsáveis por eles até à adoção ou regresso à associação, já com novas instalações prometidas pela câmara –, mas não foi isso que sucedeu.
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA – braço da Guarda Nacional Republicana responsável por assuntos relacionados com a natureza, ambiente, florestas, animais de companhia, leis sanitárias e de ordenamento do território), bem como a médica veterinária do Canil Municipal de Vila do Conde estarão nas instalações da associação na próxima quarta-feira para retirar os animais que lá estiverem.
“O ICNF e o SEPNA tinham-nos dito que tínhamos até setembro, mas não aceitámos as condições porque queríamos arranjar famílias para todos – e os que não fossem adotados seriam acolhidos por outras associações, ao nosso cuidado, para prosseguirmos com a tentativa de lhes encontrar bons lares”, conta Liliana Oliveira à PiT.
Uma corrida contra o tempo
Entretanto, tudo descarrilou. “No dia 15 de julho recebemos uma notificação a dizer que tínhamos cinco dias úteis para retirar os animais”, explica Liliana. Falaram com um advogado para apresentar uma providência cautelar, mas um agente do SEPNA disse-lhe que isso não tinha qualquer valor e que eles poderiam ir buscar os animais.
Para onde? Para o canil municipal e para três associações do distrito do Porto que podem acolhê-los: Midas (Matosinhos), CãoViver (Maia) e Cerca (Póvoa de Varzim).
“Pedi ao senhor agente pelo menos mais duas semanas, porque as adoções – muito responsáveis – estavam a correr bem, e ele concordou. Mas entretanto a médica veterinária do canil municipal telefonou e disse que só me dava até segunda-feira, 25 de julho. Como vou estar a trabalhar, deu então até dia 27, pois é o meu dia de folga”, conta Liliana. “Disse que nesse dia, às 10h em ponto, estará no abrigo com as três associações que podem recolher, com o ICNF e com o SEPNA, para dar início à retirada dos animais”.
Querem Liliana presente para todo o processo ser mais fácil, até porque há cães mais medrosos. “Mas também me disseram que se fosse contra eles iriam multar-me. Falaram até em prisão”, diz Liliana com uma voz cansada e desesperada. “Não nos deram qualquer hipótese”, lamenta.
Liliana e as irmãs só querem que os animais de que cuidam há mais de quatro anos fiquem bem. Por isso é que já tinham pedido várias vezes ajuda à Câmara Municipal de Vila do Conde.
“A antiga presidente disse que, quando chegasse a altura de mudança do Plano Diretor Municipal (PDM), tentaria mudar as coisas para a associação ficar onde está. Entretanto entrou o novo presidente e um vereador disse-nos, há um mês, que não conseguiria ajudar dessa maneira, mas que num prazo de seis meses a um ano a câmara arranjaria um terreno onde poderiam estar de forma legalizada”, sublinha Liliana.
Ou seja, no máximo dentro de um ano, a Tarecos & Patudos teria instalações legais, cedidas pela câmara, para abrigar os seus animais. E a associação não desiste dessa ideia, mesmo que agora todos os animais a seu cargo sejam adotados ou recolhidos por outras associações. “Queremos o espaço à mesma. Não vamos desistir, porque há muitos animais a precisar de ajuda. A nossa luta vai continuar”, afirma a responsável.
Acolha, se puder
Quanto aos 15 gatos e 19 cães que estão a precisar de ajuda imediata, Liliana diz que vão continuar a tratar de arranjar lares para aqueles que não consigam para já um acolhimento familiar e que tenham de seguir para as três associações que os podem acolher – havendo a esperança de que nenhum tenha de ir para o canil.
“Nós preferíamos que eles fossem encaminhados já para famílias, para não terem de passar pelo processo de irem para outras associações, assustados e sem conhecerem ninguém”, desabafa Liliana – que dá o exemplo de dois irmãos caninos de porte pequeno-médio, a Bia e o Teddy, “que são muito medrosos e que convinha irem juntos para a mesma casa, para pessoas especiais”. E não é impossível, pois foi isso que aconteceu com a Nina e o Belmonte no final do mês passado.
Por isso, se vive no distrito do Porto e tem capacidade para acolher algum destes animais, não hesite e contacte a Tarecos & Patudos. Pode fazê-lo via mensagem para a página do Facebook, por email (tarecos.e.patudos2018@nullgmail.com) ou por telefone, para uma das três irmãs Oliveira: Liliana (912 332 734), Cátia (933 327 233) ou Mónica (933 594 616).
Percorra a galeria para conhecer alguns dos animais que estão à espera de um lar ou, pelo menos, e com urgência, de uma família de acolhimento temporário.