Há quem tenha de juntar todas as energias para ir trabalhar, mas para Tchutchuca é com bastante pressa que vai cumprir a obrigatoriedade. Ainda assim, há dias que chega atrasada e não há problemas — afinal, é ela que faz o próprio horário. Assim que entra na funerária em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, Brasil, a cadela é recebida por Paloma Merath, 25 anos, e tem sempre a mesma rotina.
“Todos os dias, ela acompanha-me até a padaria de manhã”, começa por contar Paloma à PiT. “Assim que chega ao trabalho, levo-a comigo para ir comprar pão e é uma festa”, diz. Quando a conheceu pela primeira vez, em 2020, a funcionária tinha a certeza de que a cadela vivia na rua e chegou a capturá-la com a ajuda de uma amiga para ser esterilizada e encaminhada para adoção.
“Era muito desconfiada”, recorda. “Até que ela entrou pela primeira vez na loja e depois não saiu mais”. Quando já estava preparada para a adotar, Paloma descobriu que, afinal, Tchutchuca já tinha família e estava a viver uma vida dupla.
“Conversámos com a dona, a Priscilla, e percebemos que ela era uma pessoa fantástica. Vimos o cuidado que ela tinha com a Tchutchuca que lá na casa dela, chama-se Nininha”, refere. “O mesmo amor que ela tem por mim tem pela família”, aponta. Apesar de não ter adotado a companheira, Paloma continuou a vê-la com frequência.
“Como a Priscilla percebeu que ela tinha essa rotina de vir à funerária, decidiu mantê-la”, explica. “Pela manhã, ela apanha um autocarro na paragem aqui ao lado e desce com a Tchutchuca. O tempo que ela passa na rua está sempre acompanhada, mas vem sempre à frente, eufórica para chegar logo ao trabalho”.
@palomamerathOs atrasos e faltas mais tolerados só os dela kkk❤️♬ som original – Paloma,Tchutchuca e cia🐾
Tchutchuca não é a única — há outros seis que visitam a funerária
Paloma foi sempre apaixonada pelos animais e parece que por onde passa, junta uma comunidade deles. Hoje, cuida de 15 que todos os dias a visitam tanto no trabalho quanto em casa. Na funerária, além de Tchutchuca, alimenta outros seis: Pretinha e Bethovem (que vivem juntos), Negão (o “melhor amigo” da patuda), Nego, Snoop e Vovô.
“A maioria dos animais que me procuram tem família. As pessoas cá têm costume de os deixar na rua”, explica à PiT. Já próximo de casa, são sete os que contam com a sua ajuda: Piriquito, Perereca, Débil, Loide, Froide, Renata e a gata Shayenne. “Desde pequena tenho este amor e fascínio pelos animais, especialmente os de rua. É uma missão que Deus me confiou e faço-a com muito amor no coração”.
Ao fim do dia, quando se prepara para ir embora, faz questão de acompanhar Tchutchuca até a porta de casa. Além das visitas à padaria pela manhã, a hora de dizer adeus é a favorita da rafeira. “Falo ‘vamos’ e ela já sabe que é hora de ir para casa. Faz uma festa”, aponta. “Ela nunca fica sozinha na rua como muitas pessoas pensam”.
Hoje em dia, após os vídeos da funcionária de quatro patas se tornarem virais, os seus admiradores pediram para que a funerária “contratasse” Tchutchuca a sério. E foi isso que fez. “Compraram-lhe uma roupa que é parecida com o meu uniforme e fizeram-lhe um crachá”, sublinha. Agora, a cadela já chega preparada para o trabalho e tem “uma personalidade única”.
“Ela é muito sincera. Se ela gostar de alguém, ela gosta. Mas se não, não adianta”, frisa. “Tem clientes que entram na empresa e ela não sai da sua cama. Acho que sente que a pessoa não quer receber carinho de um animal, mas quando ela sente que alguém gosta, vai, brinca e fica muito confortável”.
A seguir, carregue na galeria para conhecer Tchutchuca e todos os patudos que visitam a funerária onde Paloma trabalha. Pode acompanhar as suas aventuras no Instagram e TikTok.
