Os gatos têm uma longa história com os humanos. No Antigo Egito, eram adorados e ainda hoje há países onde são considerados e tratados como deuses. Já outros, até contratam os felinos para caçar presas como ratos e outros roedores — é o caso de Larry, o Chief Mouser do Reino Unido. Contudo, a história dos gatos trabalhares também não é nova e remonta há vários séculos.
Na cidade de Devon, em Inglaterra, a Catedral de Exeter até hoje tem conservada uma porta para gatos. Estima-se que o buraco redondo tenha sido construído em 1376 quando o espaço atrás do terreno foi reformado para receber um grande relógio astronómico. Os equipamentos deste, segundo a historiadora Diane Walker partilhou ao site “Hyperallergic”, eram lubrificados com gordura animal, o que acabou por atrair vários ratos.
Em 1598, com uma praga de roedores a andar pela propriedade, o então bispo de Exeter, William Cotton, contactou carpinteiros para fazer um buraco maior na porta para que o seu gato pudesse entrar e “tratar do problema”. Desde então, os felinos que vieram a seguir passaram a ser “contratados” para fazerem a caça. E até eram recompensados.
Segundo registos, cada vez que um dos animais apanhava um rato, ganhava 13 centavos da moeda inglesa na altura. Embora não se saiba, ao certo, como recebiam o dinheiro, outros documentos explicam que o valor era revertido em alimentação para os felinos.
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Hoje, a propriedade é aberta ao público tanto para visitas quanto para missas. Além disso, nada mais justo do que ter uma mascote — o gato Stapledon é o guardião de quatro patas e até “escreve” cartas para os visitantes, assinando-as com a própria pata. Estas são sempre partilhadas no site do monumento histórico.
“Uma coisa fixe é ver a reação dos visitantes quando entram pela nossa porta. Cada pessoa, à sua maneira, mostra-nos o quanto o prédio é especial para si. É maravilhoso de se ver. E isso lembra-me o porquê de eu me levantar todas as manhãs, colocar a cabeça para fora da porta velha para gatos e seguir com o meu trabalho”, lê-se numa delas.
O espaço, por outro lado, não é feito para receber cães — afinal, são os felinos que mandam. Mas para os humanos, as visitas têm um valor de 8.70€ para adultos, 6,97€ para miúdos e seniores e é gratuito para pessoas que vivem na região e apresentarem um comprovativo de residência.
Esta, porém, não é a única catedral nos dias de hoje a ter conservado a porta para gatos. Em Itália, a igreja de San Giorgio em Montemerano, construída no século XIV também conta com uma. E é ainda mais estilosa. Esta foi feita numa pintura renascentista da Virgem Mariaque foi preservada e está hoje disponível em exposição.
Carregue na galeria para conhecer a porta dos felinos e o restante da catedral.