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Gato “cientista”. Conheça a insólita história deste investigador universitário

O felino ficou famoso ao ser citado 132 vezes na base de dados de artigos académicos, Google Scholar.
Larry.

132 citações numa base de dados de artigos académicos foram suficientes para fazer de Larry um autor/investigador famoso. Tudo isto seria normal se Larry não fosse… um gato. Esta história podia ser uma simples piada ou um erro no sistema, mas a realidade é que tudo fez parte de um plano que teve como objetivo denunciar uma fraude.

Antes de mais, importa esclarecer o significado da palavra “citação” no mundo académico. Quem escreve um artigo académico baseia-se, na maior parte dos casos, em ideias já escritas por outras pessoas. Ora, fazer uma citação é, precisamente, dar crédito aos autores das ideias, dando ao leitor a possibilidade de verificar as fontes de onde foram retiradas as informações.

Passemos então ao caso do “gato cientista”. Reese Richardson é tutor de Larry e aluno de doutoramento da Universidade Northwestern, no Illinois, nos Estados Unidos da América. Em julho deste ano, Reese recebeu uma mensagem de um amigo investigador, Nick Wise, com um anúncio de uma empresa que realiza trabalhos académicos e científicos por encomenda e que prometia aumentar o número de citações de um autor no seu perfil na plataforma académica Google Scholar.

Intrigados com as várias histórias de sucesso mostradas pela empresa, os dois amigos decidiram investigar e chegaram à conclusão de que a dita organização aumentava o número de citações dos seus clientes de duas maneiras: a primeira passava pela publicação de vários artigos do mesmo autor numa única revista, provavelmente comprada; a segunda consistia na utilização de abstracts (resumos) reais de artigos não publicados de outra plataforma – a Research Gate – juntamente com conteúdos sem nexo, gerados por um programa matemático e assinados por grandes nomes, como Pitágoras. Tudo isto de forma gratuita.

A partir destas informações, Reese e Nick decidiram experimentar os serviços da empresa e provar que se tratava de uma fraude. Para isso, “utilizaram” o gato da avó do estudante. O primeiro passo foi escolher um nome credível. “De todos os gatos com nomes humanos que existem nas nossas vidas, ‘Larry Richardson’ era o que mais se parecia com um académico e, por isso, era um candidato natural ao título de gato mais citado do mundo”, revelou Reese, no seu blogue.

Através do mesmo programa utilizado pela empresa, a dupla conseguiu gerar 12 artigos, cada um com 12 citações – num total de 144 – feitas a “Larry Richardson” (o gato). Passados todos os passos de segurança (muito fáceis de contornar) exigidos pela Research Gate, colocaram os ficheiros PDF na plataforma e esperaram que a Google Scholar os “fosse lá buscar”. Familiarizados com a falta de critério da base de dados da Google, Reese e Nick acharam que o processo seria rápido. No entanto, tiveram de esperar durante “duas agonizantes semanas”, como explicou Reese, e começaram a acreditar que o esquema não era, afinal, assim tão simples. Mas, por fim, os artigos foram mesmo publicados e Larry tornou-se no felino mais influente do mundo científico, com 132 citações (as citações de um dos artigos não foram aceites).

Cumprida a missão, Reese Richardson explicou que o seu objetivo “não era fazer com que um gato passasse por um investigador bastante citado, mas sim provar que a Google Scholar é uma plataforma manipulável”. Após a exposição do norte-americano, a Google removeu as citações do gato.

Importa salientar que este não é o primeiro caso deste tipo. Em 1975, o físico Jack H. Hetherington enganou-se a publicar os resultados de uma investigação a solo na revista científica Physical Review Letters, ao ter escrito o artigo no plural, ou seja, utilizando “nós” e “nosso”. Sem paciência para reescrever todo o artigo, Jack adaptou o nome do seu gato Siamês – Chester – e acrescentou-o como autor do artigo, assinando como F.D.C. Willard, uma abreviatura de Felis Domesticus Chester Willard.

Na altura, o gato Chester conseguiu 109 citações. Conhecedor do caso, Reese pensou para si próprio que o gato da sua avó teria de ultrapassar este número. E conseguiu. No fim do dia, todos ficaram a ganhar. Bem, quase todos. Reese Richardson conseguiu expor o algoritmo da Google e Larry não só ficou famoso, como ainda bateu um recorde. 

Por falar em patudos e recordes, lembra-se de Kevin, o cão mais alto do mundo?

De seguida, carregue na galeria e relembre o cão gigante.

 

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