Quatro cães no monte em Monforte, no Alentejo. Outros cinco, mais uma gata, na casa de Fontanelas, em Sintra. Muitos no seu coração. Manuel Luís Goucha, de 67 anos, não se esquece de nenhum dos seus animais. Sabe-os de cor desde o primeiro que chegou à sua vida, era o apresentador um adolescente na cidade de Coimbra, para onde se mudou ainda criança e onde cresceu até aos 17 anos. “Chamava-se Black, nome pouco original dada a cor do pelo, e era um extraordinário Setter Irlandês. A vaidade que eu tinha em passeá-lo nas ruas da baixa coimbrã! Era um companheiro. Foi inclusivamente ao casamento do meu irmão”, conta o comunicador à PiT.
Goucha é um apaixonado por animais. Os cães conquistaram-no cedo. Os gatos já mais tarde e muito por culpa de Inácia, uma Sphynx, raça sem pelo, que chegou a sua casa há sete anos e com quem ainda hoje protagoniza momentos de ternura ímpar.
“Os animais são companheiros de todos os dias e a eles devo muitos dos meus momentos de maior felicidade”, admitia, há coisa de cinco anos, no seu blogue. Diz, aliás, que é nas lembranças de todos aqueles que foi tendo (“ou terão sido eles a terem-me?”) que renasce “sempre que nas perdas” vai “morrendo”. “Não me entendo sem eles, desde catraio, por tanto me darem, incondicionalmente, em fidelidade e afagos”.
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Um dos mais recentes é Monty, um Jack Russel Terrier que o marido, Rui Oliveira, lhe ofereceu pelo Natal de há dois anos. E uma das que maior sucesso fez chamava-se Faneca. Era uma gata albina e surda que Manuel Luís encontrou, em 2014, na berma da estrada e que, “por certo, não vingaria longe da mãe”. “Morreu há pouco mais de um ano, doente. Tentou-se tudo mas acabou por falecer”, confessa à PiT.
Em conversa com o nosso site, o apresentador das tardes da TVI diz que sempre a seu lado “cães abandonados, a par de outros que o não são”. E a chegada do verão, propícia a esse crime — assim como a época natalícia, faz questão de alertar — deixam-lhe um amargo na boca. “O abandono dos animais diz muito da qualidade humana. As leis têm de ser aplicadas contra quem o faz, de forma dissuasora”, adverte à PiT. “Pena que nem todos pensem assim. Todos os anos somos confrontados com a deplorável situação de animais maltratados e abandonados à sua sorte. E não é o facto de, finalmente, saber que tão desprezíveis práticas podem ser criminalizadas que me tranquiliza, quando em meu entender há ainda muito para fazer no que toca à educação pelos direitos do animal, como medida preventiva de muitas safadezas”, desabafava, em tempos, a Larry Kay para o livro “Vida de Cão”.
E é vida que dá àqueles que já viu partir. Depois de anos e anos a guardar as cinzas da cremação dos seus animais em Sintra, Goucha tem, desde há dois anos, um ritual: enterra-as no seu monte alentejano, o seu refúgio, e junto às mesmas planta arbustos de Callistemon, que florescem cheios de flores vermelhas.
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“As memórias do que me deram continuam vivas”, desabafa à PiT. E, lembrando Mark Twain, termina: “Talvez haja um céu dos cães e gatos. Se houver é para lá que quero ir. Voltar a brincar com o Black e com todos os outros”.
Carregue na galeria e veja Manuel Luís Goucha e os seus animais.