Animais

IRA denuncia agressão a cadela durante treino na escola Elite K9. E não é a primeira

Em 2024, uma reportagem da RTP revelava que a escola teria sido responsável por mais três mortes.
Quantas vítimas são precisas?

Os pesadelos da escola de treino canino Elite K9 continuam. O espaço na Lourinhã foi já responsabilizado por três mortes, e esta quarta-feira, 28 de maio, foram partilhadas novas provas para sustentar as alegações de maus tratos contra animais. O IRA (Intervenção e Resgate Animal) recorreu às redes sociais para expor um vídeo onde dois treinadores da escola podem ser vistos com uma cadela. Nos últimos segundos da gravação, um dos homens agride a Pit Bull Terrier com um pontapé.

Na descrição da publicação, o IRA esclarece que o ocorrido aconteceu a 19 de maio, e adianta que a patuda cumpria um treino de obediência, sugerido pelos responsáveis da escola à sua tutora, que se encontrava de férias. Esta recebia vídeos diários das sessões, e “ficou incrédula de imediato quando se deparou com as imagens”, que a organização avança terem sido enviadas na íntegra sem intenção, depois de os responsáveis se terem esquecido de editar a filmagem.

No vídeo, os treinadores guiam a cadela com duas trelas, e ordenam que se sente e deite. Um dos homens segura uma vara com uma luva na ponta, que utiliza para tocar na Pit Bull — esta arfa constantemente, e morde o objeto várias vezes. “Vamos trabalhar, isto já me está a enervar”, afirma um dos funcionários, antes de a agressão acontecer.

A equipa de resgate animal explica que a partilha serve “como prova de um crime de maus-tratos a animais de companhia, previsto na lei”, e como forma de “alertar outros detentores que possam ter os seus patudos alojados no respectivo hotel/escola”. Acrescentam ainda que “a denunciante irá apresentar queixa nas autoridades competentes. 

Ao longo do dia em que o relato foi avançado, a PiT tentou entrar em contacto com o hotel canino, mas sem sucesso.

 
 
 
 
 
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Três mortes e várias denúncias

Em julho de 2024, Laíra Campelo e Luís Miguel Silva denunciaram o centro, quando os seus dois cães, Bob e Dylan, morreram depois de terem lá passado um mês. Bob foi o primeiro a morrer, e a notícia foi dada aos tutores através de um telefonema do treinador principal e fundador da escola, Mário Alves. “Querem que tratem da cremação?”, foi a pergunta chocante que se seguiu.

Naquele momento, a médica ficou desesperada e ao lado do marido, dirigiu-se até a escola e hotel canino na manhã de uma terça-feira, 18 de junho. “O Bob já estava inchado e duro”, recordou à PiT Laíra. Pelo estado em que estava, a tutora acredita que o companheiro terá morrido poucas horas depois da última visita do marido à escola, na tarde de segunda-feira, 17.  

“Nunca nos deram qualquer explicação”, diz sobre o óbito do Cão de Castro Laboreiro. Entre os dois cães da família, que nascerem em outubro de 2016 com uma diferença de nove dias, Bob era considerado o mais saudável. Dylan, por sua vez, sofria de uma doença autoimune que, segundo os tutores, era controlada com medicação. 

No dia da morte inexplicável de Bob, tiraram Dylan de imediato da escola, cujo custo total do curso com um período de três meses era de 3.650€ para os dois animais. Já em casa, quando foram dar comida ao canídeo, a tutora recorda-se de ver “sangue a sair do seu cotovelo”. Foi aí que terá decidido analisar o corpo do patudo. 

“Comecei a examinar o Dylan e vi que ele tinha vários higromas, que são lesões causadas por estar muito tempo deitado em chão duro”, explica a médica. De imediato, entrou em contacto com um médico veterinário que já acompanhava a dupla de cães e conseguiu uma consulta de emergência para o dia seguinte.

Quando lá chegou, o primeiro passo foi pesar o gigante: 58 quilos. Embora o número pareça elevado, para Laíra foi mais uma vez um momento de pavor. Na última pesagem, feita no mês anterior da dupla ir para a escola, diz que o Castro Laboreiro pesava cerca de 70 quilos. Duas semanas mais tarde, Dylan também não resistiu. O cão terá sido vítima de uma infeção causada pela ferida aberta, sendo esta uma consequência da alegada falta de medicação que terá ocorrido durante o período em que esteve na Elite K9.

A família acusou a Elite K9 de maus-tratos e negligencia, e o processo está em andamento no Ministério Público. Mário Alves negou todas as acusações num episódio do programa de investigação da RTP “A prova dos factos”, exibido a 20 de julho do ano passado. Até agora, não foram avançada novas informações ao público sobre o caso.

Desde que a situação se tornou viral nas redes sociais, outras denúncias contra a escola vieram à tona. É o caso de Spike, um Pitbull que morreu asfixiado após supostamente ter atacado um cliente da Elite K9. Em declarações à RTP, Mário Alves contou que o cão mordeu os dois braços da vítima e como “única alternativa”, asfixiou-o com o intuito de o fazer desmaiar, mas o patudo acabou por morrer.

“Asfixiei o seu cão, não tive outra alternativa” terá dito a Sandro, tutor do Pitbull, num telefonema após o ocorrido. O dono afirma que nunca teve qualquer prova do ataque e assim como a família de Bob e Dylan, prestou uma queixa contra a escola. O treinador forneceu à RTP um vídeo que supostamente mostra o braço da vítima com marcas de mordidas, mas o canal afirmou que não conseguiu verificar a veracidade da prova.

Carregue na galeria para conhecer Bob e Dylan.

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