A vida de Joaquim sempre foi de incertezas. Há quem diga que o porco vietnamita apareceu nas ruas do Barreiro há cerca de cinco anos, mas outros admitem que já o viram por lá há oito. De uma forma ou outra, uma coisa é certa: o suíno não teve boas experiências. Agora, quando se deixou finalmente apanhar por causa das dores que já não o deixam correr para longe, está a lutar para sobreviver.
“O que nos foi dito foi que ele andava sempre com cães na rua, ia comendo as coisas que encontrava ou que as pessoas lhe davam”, começa por contar à PiT Alice Basilio, presidente da Animal Save & Care Portugal, uma das maiores organizações de resgate animal no País. “Estava sempre desprotegido e sofreu vários ataques de cães porque a pessoa que devia ser o tutor nunca cuidou dele como deveria ser”.
No passado sábado, 26 de agosto, vários residentes partilharam fotografias de Joaquim na rua sem se conseguir mexer. E embora já não tenham mais espaço para acolher porcos — cuidam mais de 30 no momento —, a organização não ficou indiferente. Joaquim foi sedado pelas autoridades que contactaram a Animal Save & Care Portugal. Em princípio, acreditam que o suíno tinha apenas uma perna fraturada. Mas os problemas estavam longe disso.
Esta semana, a 28 de agosto, o porco foi submetido a alguns exames e foi descoberto que a situação é mais grave do que os salvadores esperavam. As pernas de Joaquim estavam bem e a fratura, afinal, era na coluna. Além disso, tinha uma “massa junto do pénis” que também não era algo tão simples quanto imaginavam.
“Já tivemos alguns porcos vietnamitas que os testículos não desceram e achávamos que era isso”, recorda. Mas Joaquim sofria de algo mais grave: uma pedra de 3,4 centímetros na uretra que afetou os seus rins e que foi retirada nesta quarta-feira, 30 de agosto. “Ele já não conseguia urinar há imenso tempo. A urina era sangue vivo”, diz.
Além dos problemas na coluna e nos rins, Joaquim está acima do peso ideal. O normal para um porco da mesma raça e idade é cerca de 40 quilos e o suíno tem agora 60. Este excesso, segundo a ativista, foi causado pelos anos que passou a ser alimentado nas ruas.
“Pela saúde dele, diria que comeu restos de refeições, carnes, vegetais, frutas… coisas que iam deitar para o lixo mas deram ao Joaquim. Não acredito que alguma vez ele tenha tido uma alimentação equilibrada”, confessa, acrescentando que muitas vezes também comia a ração deixadas em colónias de gatos.
O porco está agora a receber cuidados constantes e está a ser medicado “para todos os problemas de saúde que tem”. Alice avança ainda que Joaquim continua a correr perigo de vida. No entanto, tem demonstrado algumas melhorias. Nesta quinta-feira, 31 de agosto, conseguiu comer pela primeira vez desde o resgate.
“Desde que chegou a nós, não estava a comer e as funções fisiológicas não estavam a funcionar devido a dor extrema que estava a sentir”, partilha. “Agora, já começou a comer lentamente, o que é um ótimo sinal mas não quer dizer que esteja longe de perigo. A situação é mesmo muito grave mas é um começo, não estávamos à espera disso no estado em que ele está”.
Tem várias semanas de recuperação pela frente
Alice conta-nos que ainda não sabe as despesas exatas do porco que continua internado a receber cuidados “24 horas por dia”. “Só no final teremos noção mas o preço certamente não vai ser baixo”, frisa. Os donativos podem ser enviados por MBway ou IBAN, que estão disponíveis nas redes sociais da organização.
“A primeira semana vai ser crítica e fundamental para verificar se ele consegue melhorar o funcionamento do rim”, explica. Depois, será preciso “estabilizar a sua saúde”. Joaquim sofre ainda de hipoglicemia, tem os valores de eletrodos errados e problemas na coluna que teriam de ser corrigidos através de fisioterapia.
“Os problemas de saúde foram se acumulando e como não teve assistência veterinária nem ninguém que olhe por ele, agora está uma lástima”, lamenta. Os donativos irão ajudar nos cuidados que Joaquim tem agora recebido bem como nos futuros apoios que irá precisar para recuperar. “No caso dele, a assistência cia veterinária vai ser contínua. Ele vai ter de ficar a tomar medicação para o resto da vida provavelmente”.
No momento, a ativista confessa que a situação do suíno “é uma incógnita” e é preciso “pensar numa coisa de cada vez”. Nas próximas semanas, o foco será aliviar as dores no rim. Até lá, Joaquim em recebido vários apoios dos portugueses que continuam a enviar mensagens de recuperação para a celebridade de quatro patas.
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