A história de Touché e Cláudio Porto encantou o país em 2014. O patudo andava desnorteado pelo IC19, a estrada que liga Lisboa a Sintra, quando Cláudio parou o carro para não o atropelar e decidiu acolhê-lo. O amor entre os dois nasceu naquele dia e durará para sempre, mas agora sem a presença física de Touché, que morreu no passado dia 30, entre as 6 e as 7 da manhã.
“Aconteceu, não é?! Tinha de ser. Ele já estava muito cansado, muito acabado. Eu já estava à espera que isto acontecesse a qualquer momento”, começou por contar Cláudio, à PiT. “O último veterinário que ele teve disse mesmo que até se admirava bastante de como é que um cão com Leichmaniose e com tantas coisas que ele teve, viveu tanto tempo. A esperança de vida destes cães é de 13/14 anos e ele já ia a caminho dos 16”.
Embora esteja bastante abalado com a partida do seu companheiro, Cláudio sente que o desfecho era inevitável. “Não é que ele estivesse a sofrer, porque ele era bem tratado, mas já custava ver a maneira como ele estava. Já ia contra os móveis e quase não se aguentava de pé. Eu até estava a pensar em arranjar-lhe uma daquelas coisas com rodinhas para ele se manter melhor de pé, mas já não foi preciso”, revela.
Quis o destino que Touché partisse numa altura em que Cláudio estava no Porto, em trabalho, e longe da sua casa, em Sintra. O facto de não ter estado presente para se despedir do patudo, é algo que o entristece. “Custou-me um bocadinho não estar lá quando aconteceu. Foi estranho porque ainda há uns dias eu estive lá em baixo (em Sintra) e estive com ele. Mas isto é como tudo, é como uma pessoa que trabalha fora e vai a casa só ao fim de semana”, disse Cláudio, acrescentando que a família só informou da morte de Touché esta madrugada.
“Descansado” com o facto de o seu cãozinho ter partido, provavelmente, durante o sono, Cláudio partilhou uma história curiosa, relacionada com os últimos dias do patudo. “Eu estive com ele e com o Boris (que está bem de saúde), brinquei com eles, e voltei para cima com uma sensação muito estranha, porque o vi muito acabado. E é engraçado que há 3 noites sonhei com o Touché. Foi um sonho meio estranho e sem nexo. Havia vários animais e pessoas que tinham morrido, pessoas que eu não conheço de lado nenhum. E de repente, 3 dias depois, o Touché morre”, confessa.
Se foi premonição ou coincidência, ninguém saberá. A única coisa que Cláudio sabe é que vai sentir muitas saudades do seu “pachorrento”. “O que me vai fazer mais falta com a partida dele é aquele ar pachorrento que ele tinha, aquele olhar tão querido que parecia que não era um cão normal. Ele tinha uma forma de olhar para nós tão intensa, que parecia que estava a captar o nosso interior. Ele era tão pachorrento e tinha um olhar tão penetrante. Essa era uma das coisas que me fazia gostar muito muito dele”, conta.
Cláudio deixou, entretanto, uma mensagem para Touché nas suas redes sociais, em que escreve pelas suas próprias palavras o que sente: “Fica o nó na garganta, o aperto no peito, a saudade, a já saudade tão enorme”, garantindo que Touché “não morreu” nem “nunca morrerá”.
Com o adeus ao patudo, Porto ficou apenas com Boris e nem quer pensar em “arranjar uma companhia para ele neste momento”. Ainda assim, o sofrimento pelo qual está a passar, fê-lo ver as coisas por uma outra perspetiva. “Estou a ponderar seriamente em trazer o Boris para cima (Porto) definitivamente, para estar aqui mais comigo e não passar outra vez por algo parecido ao que aconteceu com o Touché”.
De seguida, carregue na galeria e recorde alguns momentos de Touché com Cláudio e o resto da família.