Não resiste ao olhar do seu cão quando ele implora por um snack? Não se preocupe. Há um motivo e a ciência explica-o. Um estudo apresentado esta semana revela as principais características anatómicas que podem explicar o que torna os rostos dos cães tão atraentes, e admite que os humanos podem ter contribuído para a capacidade de os cães formarem expressões faciais.
“O vínculo que os cães conseguem estabelecer com os humanos é único e diferente do de todos os outros mamíferos. Este vínculo pode ser demostrado através do olhar mútuo, algo que não observamos entre humanos e outros mamíferos domesticados, como cavalos ou gatos”, começa por explicar a autora do estudo Anne Burrows, professora do departamento de fisioterapia na Universidade de Duquesne em Pittsburgh, nos Estados Unidos.
A investigação realizada pela equipa de Burrows “fornece uma compreensão mais profunda do papel que as expressões faciais desempenham nas interações e comunicação entre cães e humanos”.
Burrows comparou as fibras de miosina em amostras de músculos faciais de lobos e cães domesticados. E os resultados revelaram que, assim como os humanos, cães e lobos têm músculos faciais dominados por fibras de contração rápida, mas os lobos têm uma percentagem maior de fibras de contração lenta em relação aos cães.
“Essas diferenças sugerem que ter fibras musculares mais rápidas contribui para a capacidade de um cão comunicar efetivamente com as pessoas”, revela o estudo. “Ao longo do processo de domesticação, os humanos podem ter criado cães com base em expressões faciais semelhantes às suas, e com o tempo os músculos dos cães podem ter evoluído para se tornarem ‘mais rápidos’, beneficiando ainda mais a comunicação entre cães e humanos”.
Ao terem mais fibras de contração rápida, os cães têm uma maior mobilidade facial e movimentos musculares mais rápidos, que lhes permitem pequenos movimentos, como uma sobrancelha levantada, como pode ver na imagem seguinte, da autoria da própria Anne Burrows:
À esquerda temos um lobo cinzento selvagem e à direita um Cão da Montanha de Berna. As setas vermelhas indicam o músculo levantador do ângulo dos olhos, um músculo não encontrado no lobo cinzento que suporta a comunicação do olhar entre cães e humanos.