Animais

Nesta ilha, os cães são treinados para farejarem cobras. E o motivo é especial

Existem diversas equipas a trabalharem na região. Os Jack Russell Terriers são uma das raças mais procuradas para o trabalho.
São "caçadores natos".

Na Ilha de Gam, as cobras são para os habitantes o que os ratos são para os nova-iorquinos. As Cobras-arbórea-marrons são comuns no território norte-americano localizado no Oceano Pacífico, e a sua população tem aumentado ao longo dos anos. No entanto, ao contrário dos roedores, apresentam ameaças significativas para a vida selvagem.

Das 13 espécies locais de aves, nove foram extintas pelas cobras, segundo aponta o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês). Para tentar salvar as restantes, o USDA recorreu aos canídeos e desde 1993, treina-os para controlar o número de répteis invasores. Abu é o seu mais novo membro.

O patudo estava a viver no Boonie Flight Project, um abrigo na região, quando Kelsey, co-fundadora do espaço, viu o seu potencial. Após entrar em contacto com o responsável pelo Programa de Treino de Cães Farejadores de Cobras-arbórea-marrons do USDA e contar a história de Abu,  o cão foi submetido a uma avaliação e foi aceite.

“Ele é a prova da inteligência e das capacidades dos cães a viverem em abrigo. Agora, Abu faz parte de uma equipa dedicada de animais que ajudam a proteger a vida selvagem da região do Pacífico contra as cobras invasoras”, escreveu a associação. O patudo irá trabalhar ao lado de Paul Roberts, o seu treinador e novo tutor.

As cobras desta espécie têm cerca de 76 centímetros, mas quando adultas, podem chegar aos três metros. E para os cães do programa, a caça não passa de uma brincadeira. “Como caçadores natos, eles gostam de trabalhar a procurá-las”, disse Anthony Thompson, um dos treinadores do USDA, em comunicado.

Anthony trabalha na Base Naval de Guam ao lado do pequeno Spot, um Jack Russell Terrier, e a dupla tem um único objetivo: impedir que as cobras saiam da região. Para tal, Spot fareja todas as cargas que são exportadas da ilha para ter a certeza de que nenhum réptil está escondido numa delas. “Procuramos em veículos, aeronaves, casas e bens militares”, disse.

Segundo o treinador, grande parte dos cães usados atualmente são Jack Russell Terriers ou “o mais próximo da raça que a organização consegue”. “São animais ágeis, energéticos e adoram procurar coisas pequenas a correrem pelo chão”, explicou. “Por causa da temperatura húmida, também não se cansam com facilidade”, acrescentou.

Antes de partirem para o terreno, os patudos passam por um período de treino de três meses. “Spot não sabe o que é uma cobra, mas reconhece o seu cheiro”, sublinhou Anthony. “Temos de aprender a confiar um no outro. Quando recebemos um cão, é importante passarmos tempo com ele a aprender e a criar esta confiança porque eles não trabalham se não confiarem em nós”, referiu.

Em 2014, com a ajuda de 17 equipas de cães farejadores, 3.400 armadilhas e tóxicos, o USDA capturou 8.300 cobras na ilha. Os répteis são animais noturnos e são encontrados com mais frequência nas florestas ou próximos de cercas. Graças aos roedores, aves e lagartos, são atraídos para áreas residenciais.

“Quando um cão encontra uma cobra, sabe que deve arranhar a área onde ela está e aguardar as instruções do seu treinador”, explicou o USDA. As Cobras-arbórea-marrons não apresentam perigo de vida para os adultos, mas são consideradas “levemente venenosas” e por terem muitos dentes, a sua mordida é “muito dolorosa”. Por outro lado, em idosos e miúdos, podem causar doenças graves.

Outro problema para a vida selvagem e os moradores da Ilha, é o facto dos répteis não possuírem predadores naturais. Além disso, o “ambiente acolhedor” da região faz com que também não migrem para fora, tendo um período de acasalamento durante todo o ano.

Carregue na galeria para conhecer os cães farejares da Ilha de Guam.

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