Uma colónia de pinguins-imperadores foi descoberta numa das zonas mais remotas da Antártida há cerca de dez dias. A descoberta das aves foi captada através de imagens de satélite pelo British Antarctic Survey (BAS), um centro de pesquisa que gere os interesses do Reino Unido na região. É a 66.° colónia da espécie descoberta ao redor da costa do continente.
“Esta é uma descoberta emocionante”, disse Peter Fretwell, principal autor da pesquisa, em comunicado. “Embora esta seja uma boa notícia, como muitos dos locais recentemente descobertos, esta colónia é pequena e está numa região muito afetada pela recente perda de gelo marinho”.
Os pinguins-imperadores são a única espécie de pinguins que se reproduzem no gelo e não na terra. As aves estão localizadas em áreas remotas, inacessíveis e que podem chegar até os 60 graus abaixo de zero. Consequentemente, são mais difíceis de serem estudados.
Entre as 66 colónias descobertas nas últimas décadas, mais da metade foi encontrada por imagens de satélites. Estas buscam encontrar manchas castanhas de guano (fezes de pinguim) no gelo.
Durante abril e setembro, os pinguins precisam que o gero dure. O período marca o crescimento dos filhotes e o gelo ajuda-os a ficar mais robustos. “Se o gelo partir antes disso, as crias caem na água e afogam-se ou congelam”, explica Peter. Nos últimos anos, com o acelerado derretimento do gelo do mar, os pinguins-imperadores têm sido uma das espécies mais vulneráveis ao colapso climático.
Scientists have discovered a new emperor penguin colony at Vergler Point, Antarctica 🐧
They used satellite mapping technology to spot the penguins and their guano – visible in this amazing aerial image.
The full story 👇https://t.co/axcevzExOt pic.twitter.com/O6y0KbZ2kF
— British Antarctic Survey (@BAS_News) January 20, 2023
Os pinguins-imperadores podem deixar de existir em 2100
Além do gelo, o tamanho das colónias é essencial para a sobrevivência dos pinguins. As aves amontoam-se para se protegerem durante as tempestades de inverno e no período que marca os dois primeiros meses em que os machos incubam os ovos antes destes eclodirem.
Nos últimos anos, a perda do gelo marinho já causou a morte de diversas colónias, como a da baía de Margarida, estudada desde a década de 1940, e outra na de Halley, que durante 50 anos permaneceu estável. “A maioria dos pinguins-imperadores nunca verá um humano na sua vida, mas o que estamos a fazer do outro lado do mundo está a matá-los lentamente”, frisou o autor da pesquisa.
As “mudanças dramáticas” no gelo do continente começaram em 2015 e desde então, tem acelerado e piorado. “No ano passado, tivemos as piores condições de gelo marinho na Antártida e este ano é ainda pior”, realçou. “Ainda estamos a trabalhar para saber o que isso significa para os pinguins, mas não é algo bom”.
Segundo um estudo publicado em 2019, as colónias de pinguins-imperadores podem deixar de existir já no final deste século. E de acordo com Peter, não há muito que se possa fazer, a nível local, para evitar a sua extinção. “Podemos tentar proteger as áreas de alimentação dos pinguins ao proibir a pesca”, sublinha. “Mas, sinceramente, este é um problema global e não pode ser analisado em escala local”.
Carregue na galeria para saber mais sobre os pinguins-imperadores.