A complexidade dos sentidos felinos permanece por desvendar, mas existem cada vez mais avanços sobre aquilo que estes animais conseguem compreender. Um novo estudo comprova que os gatos são capazes de reconhecer o cheiro dos tutores, pelo que qualquer desinteresse demonstrado no que toca à presença dos seus humanos não passa disso mesmo.

As descobertas foram feitas por uma equipa da Universidade de Agricultura de Tóquio, e publicadas na revista científica PLOS One na passada quarta-feira, 28 de maio. O estudo foi liderado por Yutaro Miyairi, e concluiu que os felinos conseguem discriminar entre cheiros de humanos que lhes são familiares face aos que não o são. Contudo, ainda não é claro se conseguem distinguir a quem o cheiro pertence.

A experiência foi realizada com 30 gatos que vivem em casas. abrigos e cafés. Os animais foram expostos a tubos com amostras de cheiro de partes específicas dos corpos dos seus tutores, como axilas, orelhas e pés, bem como a tubos com o cheiro de pessoas desconhecidas, e ainda a tubos vazios.

A equipa avança que os gatos passaram mais tempo a cheirar os odores desconhecidos do que os conhecidos, indicando que reconheciam rapidamente o cheiro familiar, e procuravam investigar os novos. Os pesquisadores adiantam ainda que este comportamento está em concordância com a tendência dos gatos bebés, que investigam mais o cheiro de outras gatas do que o da própria mãe, e com o dos felinos adultos, que ao contactarem com gatos fora do seu grupo social farejam mais intensamente.

O estudo revelou ainda que os gatos tendem a utilizar a narina direita para investigar cheiros desconhecidos, e a escolher a esquerda para cheiros familiares. Além disso, quando um aroma se torna conhecido, a narina usada é invertida — um padrão observado também nos cães.

Os autores propõe que isto pode acontecer porque os felinos processam novas informações com o lado direito do cérebro, e o esquerdo comanda as reações mais repetitivas ou instintivas, ou porque “selecionam o lado da narina com base na suposição de que esfregariam o seu corpo contra o odor”, marcando o cheiro desconhecido com o seu próprio aroma.

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