Animais

Novos moradores. Os veados-vermelhos ibéricos já chegaram a Cascais

Foram introduzidos 11 animais da espécie no Parque Nacional Sintra-Cascais. Pode ajudá-lo a resistir à ameaça de incêndios.
Um veado-vermelho ibérico macho. Imagem: CMC

Não é um animal qualquer. O veado-vermelho ibérico é o maior mamífero terrestre a habitar as florestas portuguesas. Desde a passada quinta-feira, 25 de julho, alguns passaram a habitar o Parque Nacional Sintra-Cascais. Nessa data, foram introduzidas dez fêmeas e um macho da espécie na Quinta do Pisão, pela Cascais Ambiente.

Segundo a Câmara Municipal de Cascais, esta espécie esteve à beira da extinção, em Portugal, no final do século XIX, devido à caça e perda de habitat. No entanto, tem vindo a registar-se um aumento da sua população desde a década de 1970, graças a esforços de reintrodução e recolonização natural.

A iniciativa faz parte de um projeto de renaturalização e de proteção ambiental da zona. Insere-se nos objetivos previstos no projeto LIFE ResLand, financiado pela União Europeia, e com duração até 2029. Abrange cerca de 3.300 hectares de uma área que vai desde a encosta da Peninha à Quinta do Pisão. A ideia é “melhorar o território para resistir à ameaça de incêndios florestais e minimizar os seus impactos”, pode ler-se no site da Cascais Ambiente.

Mas como é que este animais podem ajudar esta missão? Luís Capão, presidente da Cascais Ambiente, explica: “Estes mamíferos vão abrindo clareiras, vão criando novas rotas, vão permitindo, com essas novas clareiras, a criação, a entrada, e o aparecimento de novas espécies. Por exemplo, como faz o trabalho das ovelhas campaniças, dos garranos na peninha, dos corços que já temos também, ou como os cavalos Sorraia e os burros lanudos de Miranda têm feito, tornando os ecossistemas de Cascais mais diversos”.

 “Assim, a nossa paisagem pode estar mais resistente e, de facto, mais preparada para aquilo que é o fenómeno natural da bacia do Mediterrâneo, onde Cascais obviamente se insere, trazendo os fenómenos extremos das alterações climáticas, onde o incêndio, de facto, se insere”, acrescentou. 

O evento de libertação dos veados contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, do Secretário de Estado da Agricultura, João Moura, e de outros representantes de órgãos governativos e especialistas em proteção ambiental. Carreiras sublinhou a importância da Quinta do Pisão para a comunidade cascalense, que tem servido tanto como espaço de lazer como de aprendizagem.

Atualmente, estes mamíferos distribuem-se em Portugal no Gerês, Serra da Estrela, Beira Interior e grande parte do Alentejo e Algarve. Os esforços de preservação da espécie têm dado frutos e o seu futuro parece ser promissor: de momento, o estatuto de conservação do veado-vermelho ibérico é “pouco preocupante”.

Além dos veados, dos cavalos do Sorraia e dos Burros Lanudos de Miranda, está planeada a inserção do corço. Para o bom funcionamento destas dinâmicas, foi criado, em janeiro, um cercado no terreno para a integração de fauna selvagem. 

Esta introdução dos animais faz parte de um plano alargado de reordenamento da paisagem, que conta com várias medidas, sendo a mais importante, a paisagem mosaico. A gestão da área natural de Cascais, está a ser realizada em conjunto com os proprietários locais, e com o cofinanciamento do programa europeu Life, que vai permitir investir no terreno cerca de 3 milhões de euros, ao longo seis anos.

Este ordenamento já deu frutos, segundo a autarquia. “O ano passado houve um fogo no PNS-C que progrediu lentamente o que nos permitiu, a par da geolocalização dos animais, retirar os cavalos Sorraia do cercado em boas condições”, refere a Cascais Ambiente.

“A zona afetada está neste momento a sofrer uma intervenção: estão a decorrer trabalhos de corte das árvores queimadas no incêndio de 25 de julho de 2023. Nas áreas com maior declive, as árvores serão cortadas e utilizadas para fazer barreiras de troncos, de modo a reduzir a erosão do solo. Nas restantes áreas, as árvores serão trituradas, sempre que possível, ou cortadas e arrumadas à linha a fim de aumentar a matéria orgânica presente no solo. Estas ações fazem parte das medidas de estabilização e recuperação da área ardida”, acrescenta. 

A seguir, carregue na galeria para ver como correu a reintrodução da espécie.

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