“Para ele, os animais são um meio para atingir um fim” — foi assim que Dami Paiva se referiu ao detentor de uma cadela da raça Podengo, que vive acorrentada no quintal, sem segurança e cuidados, e que serve o propósito de o acompanhar para caçar. A responsável pela associação Bichos Felizes conta que a cadela teve bebés, que foram resgatados há uma semana, mas a mãe permanece por salvar.
O pedido de ajuda para este cenário, em Baião, no distrito do Porto, chegou através de uma vizinha do homem em questão, que o descreveu como “uma pessoa complicada”, acrescentando que lida com problemas de álcool.
A patuda deu à luz três crias, e esta não foi a sua primeira gravidez. A mesma pessoa que alertou a associação adiantou também que a cadela teve já várias ninhadas, mas, desta vez, um dos bebés nasceu com uma má formação na coluna.
O detentor afirmou que iria afogar as crias, e Dami especula que terá sido esta a razão que motivou a vizinha a pedir ajuda, não só à Bichos Felizes, mas a várias entidades — uma delas, terá dito que ajudaria, mas, explica a responsável, “essa ajuda nunca se manifestou, e eles continuaram lá”, até a sua equipa intervir.
Os animais eram mantidos “numa espécie de palheiro ou abrigo para gado aberto”, e os bebés tinham já dois meses. Ao chegarem ao local, deram-se conta de que o bebé com a deformação tinha desaparecido, e que continuam sem saber o que lhe terá acontecido. “Não nos explicou o que lhe aconteceu”, explica Dami.
Todos estavam demasiado magros, com parasitas e sem uma alimentação adequada. “Comem restos de comida. Estavam cheios de lombrigas gigantes, e as fezes tinham restos de ossos e espinhas”, conta a responsável.
Os pequenos têm agora quase três meses. Estão saudáveis, brincalhões, e prontos para encontrar novas famílias. A mãe permanece no mesmo local, apesar da insistência da Bichos Felizes em trazê-la também. O detentor é caçador, e “utiliza os animais para a caça, por isso não está receptivo, porque diz que precisa dela para isso”.
A organização continua a tentar resgatar a cadela “pela via diplomática”, educando o tutor e mostrando que as condições em que a patuda está não são seguras, mas sem sucesso. O local é aberto, pelo que outros cães têm acesso ao espaço. “Ela vai continuar a ter ninhadas, e não vai ficar bem. Estes tiveram sorte, mas qualquer cão que nasça ali vai ter um mau fim”, acrescenta a fundadora.
A associação não desiste da patuda, admitindo a possibilidade de recorrer “ás autoridades para a tirar de lá”. “Infelizmente, isto não é ilegal em Portugal, mas ela não está bem”, lamenta.
Carregue na galeria para conhecer os patudos Oak e Moss, e para saber mais sobre o seu resgate.