A Câmara Municipal de Olhão propôs-se lançar uma campanha para sensibilizar a população acerca do flagelo que é o abandono animal, sobretudo durante o mês de agosto, quando muitas das famílias portuguesas vão de férias e não têm a possibilidade de levar os seus animais de estimação. Em Portugal, são abandonados mais de 30 mil animais por ano, sobretudo cães. Este ano, esse número cresceu em 35 por cento até agora.
Como dá conta o semanário regional do Algarve, “barlavento“, o vereador da autarquia com o pelouro do Bem-Estar Animal, Ricardo Calé, defende que “o abandono de animais ocorre durante todo o ano, e não apenas no verão, mas é neste período que se verifica uma maior incidência”. E, sobre a iniciativa da autarquia, afirma: “Pareceu-nos que era a altura ideal para passarmos de forma mais vincada a mensagem de que o abandono dos nossos animais nunca é a solução e é, de resto, punido por lei.”
É, consequentemente, durante estes meses que os números de animais que chegam aos canis municipais e a abrigos de associações sobe. Em Olhão, a campanha de sensibilização passa por frases como “Não abandone quem esteve sempre a seu lado” e “Adotar uma vida é para toda a vida“, lemas que nesta altura são esquecidos por muitos. Mas os meios de ação da Câmara não se ficam por aí: “Temos vindo a desenvolver nos últimos meses, em várias frentes, e em estreita colaboração com as associações do concelho, um trabalho em prol do bem-estar animal, onde procuramos contrariar os principais fatores que contribuem para o aumento de animais nos abrigos”, garante o mesmo autarca.
Para tal, o apoio financeiro da autarquia, que em 2022 viu-se aumentado em cerca de 50 por cento, é feito junto das associações. Ainda este ano, a autarquia criou também o Gabinete de Apoio ao Bem-Estar Animal, com o objetivo de reunir todas as associações do concelho, por forma a tornar mais eficaz a ajuda aos animais abandonados.
A par da campanha, está em desenvolvimento a construção de um novo Centro de Recolha Oficial de Animais, um projeto idealizado já há mais de duas décadas. Na própria esterilização dos animais já há um protocolo, celebrado entre os municípios de Olhão e Tavira, que prevê os meios logísticos e humanos necessários para a elevada afluência de animais que precisam deste tipo de intervenção. Os números relativos à esterilização de cães e gatos têm aumentado no município desde 2019, em que foram intervencionados 194; em 2020 registaram-se 390, e desde o início de 2021 já se contam 1347 — o que tem contribuído para a redução do abandono animal.
Não obstante, para Ricardo Calé este esforço coletivo “não tem sido suficiente”. E o vereador vai mais longe: “Não existe entidade, pública ou privada, que consiga fazer face a este flagelo sem que todos, enquanto sociedade, façamos a nossa parte, e a nossa parte é encararmos a adoção de um ser vivo como um compromisso para toda a vida, que nos torna responsáveis por eles. Depois, identificar os animais com microchip e esterilizá-los, de forma a acabar, de uma vez por todas, com as ninhadas abandonadas e, como não poderia deixar de ser, não deixarmos para trás os nossos amigos de quatro patas quando vamos de férias”.