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Os sticks dentais realmente ajudam? Veterinária esclarece dúvidas

Há alguns aspetos que devem ser analisados pelos donos antes da compra. Uma especialista contou-nos quais — e não só.
A saúde oral é importante para os animais.

Criar um cão ou um gato não é um trabalho fácil. A responsabilidade é grande e as despesas maiores ainda. Com elas, é normal surgirem dúvidas que evitam que as coisas corram mal. Uma das mais pertinentes são aqueles petiscos disponíveis à venda nos supermercados ou lojas de animais que ajudam, supostamente, a lidar com o mau hálito, manter a saúde da boca e dos dentes. Mas será que é mesmo isso que acontece?

A médica veterinária Mónica Martins, especialista em Estomatologia no AniCura Restelo Hospital Veterinário, em Lisboa, garante que produtos como os famosos sticks dentais são favoráveis e podem mesmo ajudar, especialmente para “prevenir passivamente a acumulação de placa bacteriana”. No entanto, há uma série de aspetos que devem ser levados em conta para evitar que façam o trabalho contrário.

“É importante ter atenção se os produtos são adequados à idade e ao tamanho do seu animal”, afirma à PiT. “No caso de dúvidas a este respeito, podem e devem questionar o médico veterinário sobre os mais indicados, por forma a garantir que não há nenhum risco. Recomendam-se aqueles que apresentem na sua embalagem o selo V.O.H.C., que significa que são aceites pelo ‘Veterinary Oral Health Council'”.

O conselho internacional, composto por nove médicos veterinários dentistas e cientistas dentários, é responsável por analisar todos os produtos deste género disponíveis à venda. Caso sejam aprovados, recebem um selo de garantia.

Mónica explica que é habitual muitos tutores optarem pelos sticks e petiscos semelhantes pela comodidade. Por exemplo, é muito mais fácil oferecer um biscoito para o seu cão ou gato em vez de realizar a escovagem dentária. “Embora seja reconhecido que esta abordagem seja menos eficaz do que outras técnicas de prevenção, é importante destacar que ela tende a ser adotada com elevada consistência pelos tutores a longo prazo”, refere.

Outro aspeto a ter em conta é a frequência com que os petiscos são oferecidos aos animais. “Existem produtos que podem ser oferecidos diariamente e, outros, pela sua composição, uma a duas vezes por semana”, aponta.

É importante ressaltar ainda que os petiscos não resolvem casos mais graves, como as doenças orais, ou até mesmo o mau hálito que, segundo a médica, “não é normal” e pode ser o primeira sinal de alerta de uma patologia.

“Em casos mais graves, infeções orais também resultam em halitose, sendo que em muitos casos não é suficiente optar pela escovagem dentária, uma vez que esta por si só não é capaz de resolver a infeção em causa, pelo que está aconselhado obter cuidados médico veterinários adicionais”, aponta.  “Existem ainda doenças sistémicas capazes de causar halitose, como as gastrointestinais, renais, diabetes, etc.”.

Uma alimentação equilibrada é essencial

Os sticks dentais não fazem milagres sozinhos. Além dos cuidados extras como estar atento à cavidade oral dos animais, os donos devem optar por uma alimentação equilibrada e adequada para o tamanho, idade e, caso existam, problemas de saúde de cada patudo. Afinal, é através desta que eles recebem todos os nutrientes de que precisam para ter uma vida saudável.

“Os alimentos secos, como a ração, têm menos humidade e uma consistência mais sólida do que os alimentos frescos”, começa por explicar. “Optar por alimentos frescos faz com que a comida adira à superfície do dente, enquanto a ração seca provoca um efeito mecânico de remoção da placa bacteriana através da mastigação. Por outro lado, as dietas ricas em carboidratos e açúcares podem aumentar o risco de cáries e doenças orais, pelo que é recomendada uma dieta equilibrada e saudável com uma quantidade adequada de proteínas e nutrientes”.

Mónica acrescenta que atualmente há “muitos produtos e formas de manter a boca saudável”. Além da ração ideal, as famílias podem utilizar como complemento os palitos dentários, algas marinhas, soluções antissépticas orais e brinquedos que possuem “um efeito positivo na remoção mecânica de restos de comida e da placa bacteriana”.

Por outro lado, há os alimentos que devem ser evitados, como os doces e as gorduras. “Além de prejudicarem a saúde oral, podem desencadear outros problemas, como transtornos gastrointestinais graves e sistémicos”, aponta, acrescentando que a a escovagem dentária “continua a ser escrita como a forma mais eficiente de prevenir doenças dentárias nos nossos animais”.

Tenha também atenção aos brinquedos

Para aqueles que adoram morder e mastigar, os petiscos, especialmente os sticks e os ossos, não são os únicos que se tornam nas pequenas “vítimas” dos patudos. Os brinquedos também estão no topo da lista e é fundamental ter atenção àqueles que tem em casa, tendo em conta o tamanho e a idade dos cães e gatos.

“Brinquedos de materiais como borracha natural, nylon atóxico e ou algodão natural são mais aconselhados e seguros”, garante. “Devem ser evitados os que  apresentem dureza elevada ou pontas cortantes, uma vez que podem estar na origem de fraturas dentárias complicadas ou lacerações de tecidos orais”.

Alguns exemplos, citados por Mónica, são as hastes de veado responsáveis por “fraturas dentárias principalmente ao nível dos 4.º pré-molares maxilares”, ou seja, os dentes carniceiros. “Cães que brincam com paus e pedras têm também tendência a apresentar fraturas dentárias e lesões orais”, acrescenta.

Já as bolas de ténis, as favoritas entre alguns animais, também devem ser oferecidas com supervisão. O motivo? São consideradas um brinquedo “com ações abrasivas” e quando mastigadas excessivamente, podem levar ao desgaste dentário.

De seguida, percorra a galeria para conhecer alguns brinquedos que vão conquistar os animais lá de casa.

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