As segundas oportunidades não acontecem só no cinema. E Pesca é a prova viva disso. A Pitbull de dois anos foi vítima dos estereótipos da raça, sendo treinada para ser violenta e atacar outros animais. “Os vizinhos disseram-nos que o dono usava os cães para proteger a casa para roubar bens de outros e estes não entrarem lá”, começa por contar à PiT Ana Pinto da Costa, fundadora da ComRaça — Equipa de Resgate Animal.
Quando já não tinha mais uso, Pesca foi abandona pelo então tutor na própria habitação em Gondomar “sem conhecimento do senhorio”. Desde então, era a vizinha que lhe mostrava compaixão. E além de a alimentar diariamente, fazia denúncias constates para tentar mudar a sua situação. Em janeiro, Ana teve conhecimento da história e não ficou indiferente.
Encontrada em condições miseráveis, no meio das próprias fezes e urinas, com uma ferida aberta na pata, sem água ou comida e “rodeada de vidros, facas e objetos cortantes”, a Pitbull só tinha uma coisa em mente. “No meio daquele cenário todo, tudo o que ela pedia era amor”, sublinha a voluntária de 27 anos. Embora nunca o tivesse tido, era isso que procurava.
Procura um lar onde seja “filha única”
Desde o seu primeiro dia em liberdade, Pesca mostrou-se “extremamente meiga” com todos com quem interagiu, além de “nunca ter mostrado qualquer sinal de agressividade”. Mas Ana alerta: “Ela é extremamente dócil com pessoas mas não tolera para já qualquer convívio com outros animais”. O ideal para a patuda é ser “filha única”.
No último mês, a cadela esteve em observação num hotel para recuperar o ferimento na pata. Embora seja de uma raça potencialmente perigosa, que requer cuidados extras perante a lei, o seu antigo dono não tinha seguro nem o curso de detenção obrigatório. Além disso, a Pitbull não estava esterilizada ou vacinada.
Agora, porém, já está recuperada, esterilizada, vacinada e chipada. Só lhe falta encontrar alguém que a aceite como é. Pesca está na PiTmatch, a nova plataforma de adoção da PiT, à espera que alguém se derreta com os seus 25 quilos de puro amor. Para o futuro tutor, Ana explica que será obrigatório a assinatura de um termo de adoção, a apresentação do registo criminal, treinos após a adoção, curso de detenção de raças potencialmente perigosas e registo na Câmara.