Animais

Português que criou santuário na Colômbia pede ajuda para salvar 400 animais

A quinta de Miguel está a sofrer as consequências do El Niño. Quer angariar fundos para levar os animais para um novo espaço.
O aquecimento global tem afetado drasticamente o espaço.

Cães, gatos, burros, galinhas, porcos, ovelhas, cabras e até touros bravos. No Animal Namigni, um dos maiores santuários das Américas, na Colômbia, todos receberam uma segunda oportunidade para serem felizes. E agora, procuram uma terceira. Miguel Aparicio, o português que se mudou para o país em 2015, avançou com o projeto durante a pandemia e há cerca de um ano, está a lidar com uma devastadora seca, acompanhada recentemente do fenómeno El Niño, que se caracteriza por temperaturas superficiais mais elevadas.

“Tem sido extremamente difícil. Temos feito todo o possível para lidar com a situação, mas estamos a lutar com uma emergência climática que é obviamente mais forte que nós”, começa por contar à PiT. O santuário, situado a 30 minutos de Bogotá, abriga mais de 400 animais e com os recentes acontecimentos, já não há alternativas: vão ter de ser transportados para uma nova quinta.

Com a atual carência de bens enfrentada no país sul-americano, o fundador, de 43 anos, está agora a recorrer ao país natal e aos portugueses para pedir ajuda. “A nova quinta fica numa região que tem tido chuva suficiente. Tem muitos riachos que continuam com água abundante e tem mais de 100 hectares de pastos frescos, o que também nos permite fazer uma boa rotação de áreas para alimentar os animais e permitir que os pastos se recuperem de forma contínua e equilibrada”, explica.

No atual santuário, tem sido cada vez mais complicado suportar. Em abril de 2023, tudo indicava que seria uma “seca passageira”, mas os dias, as semanas e os meses foram passando e a situação agravou-se. “Um dos riachos do santuário secou e a chuva deixou de cair com a frequência normal. E deixou praticamente de chover”, lamenta.

Agora, a esperança é conseguir os fundos para levar todos os animais para o novo espaço, localizado numa zona com “bastante água e pastos verdes” e a três horas de distância do atual. “Na Colômbia, esta é uma distância pequena”, avança. Com a ajuda de um amigo também português, Pedro Mateus, Miguel criou uma angariação de fundos no GoFundMe para conseguir angariar o dinheiro necessário para dar início aos transportes.

O amante de animais acrescenta que a atual situação tem criado um “desequilíbrio financeiro tremendo” no santuário, visto que teve de começar a comprar feno e alimentos suplementares para os animais, já que não estava a conseguir produzi-los na quinta. “Temos compensado a falta de pasto com feno, mas fazê-lo por um ano com tantos animais herbívoros de espécies grandes deixou-nos severamente impactados”, avança.

Fundou o primeiro santuário para touros resgatados de touradas

Em 2022, Miguel apostou numa nova vertente. Se não bastassem todos os animais resgatados de situações miseráveis de norte a sul da Colômbia e não só, o português abriu as portas para os touros e vacas de lide usados nas touradas.

“A pressão social e legislativa contra as corridas de touros está a causar um efeito colateral, que é o facto de muitos desses animais estarem a terminar em matadouros”, contou em entrevista à PiT na altura. “Como não há corridas suficientes, muitos desses touros e vacas estão a ser enviados para a morte porque perdem a sua importância económica num contexto tauromáquico”.

De um lado, a indústria tauromáquica luta para manter a tradição e economia que criaram ao longo dos séculos. Do outro, os movimentos de defesa dos animais querem libertá-los. Porém, de acordo com o fundador, há um problema que não está a ser pensado por ambas as partes. E é precisamente neste que tem trabalhado.

Através da Reserva del Toro, o português apresentou uma “terceira e nova” solução. “Queríamos avançar com uma iniciativa que tivesse em conta todas as preocupações que tem a ver apenas com os touros e as vacas de lide.Não entrar tanto neste conflito aberto entre as duas partes, anti e pro-touradas, mas sim, trabalhar na proteção desses animais para que, aconteça o que acontecer, tentemos evitar que terminem no matadouro”.

Embora sejam mais difíceis de cuidar do que os restantes animais, especialmente devido ao seu comportamento mais agressivo, o português nunca pensou em desistir e hoje, acolhe vários touros e vacas resgatados destas situações. Se tudo correr bem, estes também serão transportados para o novo espaço em breve.

De seguida, carregue na galeria para conhecer alguns dos animais do Santuário Animal Namigni.

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