Rosa estava à espera de um milagre. Pelo menos, esta é a única explicação que Alice Basílio e Noel Santos encontraram para que a porca conseguisse sobreviver nas condições em que era mantida — num quadrado minúsculo, sem água ou comida. Mas uma coisa é certa: tinha muita vontade de viver e agora que deixou para trás uma vida de negligência, a sua esperança tem inspirado aqueles que convivem consigo diariamente.
“Não conseguimos parar de pensar no pesadelo que foi a vida da Rosa para ela ter ficado neste estado”, avança a Animal Save & Care Portugal. A gigante foi resgatada a 30 de maio e foi encontrada num estado de partir o coração: feridas pelas pernas, na barriga e pelo pescoço. Nos cotovelos, tinha ainda buracos abertos.
“Ela adormecia e acordava no chão gelado sozinha, passava os dias cheia de fome e sede, a definhar, dia para dia, enquanto olhava para as paredes de betão. Esfregava-se nas paredes e no chão até fazer feridas pelo corpo todo até sangrar”, lamentam os fundadores do santuário em Palmela.
Apesar de já terem mais de 140 animais a ser cargo, Alice Basílio e Noel Santos não conseguiram virar às costas e acolheram a porca (Rosinha, para os amigos) como fazem com todos os outros que encontram ali um porto seguro: com muito amor e esperança de um futuro melhor.
Poucos dias depois de ter sido resgatada, a guerreira teve direito ao seu primeiro banho de lama. E embora ainda tenha o “corpo quebrado”, não escondeu a alegria e a gratidão por ter tido uma segunda oportunidade.
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“O nosso trabalho é árduo, continuo, infinito e muito necessário”
Os porcos são os segundos animais em mais abundância no santuário que nasceu numa quinta de dor, ficando atrás apenas da aves. Lá, são todos divididos em famílias para evitar conflitos e terem uma qualidade de vida saudável. Rosinha ainda está no processo de adaptação, mas tem um futuro feliz pela frente.
“Perguntamos-nos como é que ela conseguiu superar isto, como é que ela sobreviveu tanto tempo assim, e não entendemos”, frisam os voluntários. “Não conseguimos entender como se olha para alguém como a Rosinha, um ser tão frágil, feito de luz, de amor, cheio de bondade e compaixão no coração e se decide conscientemente ‘vou deixá-la morrer'”.
Diariamente, Rosa tem as feridas limpas e as melhorias são notórias. “As feridas do corpo irão levar meses a recuperar certamente, mas o espírito dela, com o amor imenso que ela já tem no coração, irá sarar e ser feliz, pois a vontade de viver é infinita”, garantem.
A seguir, carregue na galeria para ver a transformação da porca Rosinha.