Animais

Sidra e Salao são os novos linces-ibéricos a viver em Portugal

Os animais foram criados em cativeiro, em Espanha, e já estão a viver em liberdade no Algarve.

O Salao e a Sidra são dois jovens linces-ibéricos, com apenas 13 meses, e são os mais recentes habitantes do concelho algarvio de Alcoutim, depois de terem sido libertados nessa zona pelas autoridades ambientais, na quarta-feira, dia 4 de maio.

A cerimónia contou com a presença do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, que assistiu à libertação dos dois animais e louvou o programa de reprodução e conservação do lince-ibérico, no âmbito do trabalho do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), que tutela o projeto em Portugal.

O Salao e a Sidra são oriundos do Centro de Cría del Lince-Ibérico de Zarza de Granadilla, em Cáceres (Extremadura) e foram previamente submetidos a controlo sanitário no centro de reprodução onde nasceram, sendo portadores de coleiras emissoras para poderem ser monitorizados.

“Os animais foram libertados numa das áreas de expansão natural da população constituída na área de reintrodução de lince-ibérico, do Vale do Guadiana. Trata-se da segunda solta que decorre fora da região do Alentejo, desde o início do projeto de reintrodução da espécie em território nacional”, sublinha o ICNF.

A zona onde se deu a libertação é um terreno de Maria Antonieta Gonçalves. Os proprietários dos terrenos selecionados para a libertação na natureza do lince-ibérico foram também enaltecidos pelo ministro Duarte Cordeiro, já que desempenham um papel importante neste projeto.

Momento da libertação foi de grande entusiasmo.

A seguir à libertação do Salao e da Sidra, o ICNF apresentou publicamente o Complexo de Treino e Recuperação de Lince-ibérico (CTRLI), inserido no recinto do Centro Nacional de Reprodução de Lince-ibérico, em Silves, no Algarve.

A construção do complexo representou um investimento de 598.782€ e arrancou em outubro de 2018, tendo ficado concluído em 2019.

Este equipamento permite, através dos dois cercados de treino, verificar se os jovens linces destinados a libertação no habitat natural dispõem de condições físicas e comportamentais adequadas para a sua subsequente sobrevivência. Além disso, possibilita o treino e reforço de comportamentos que os tornem mais resilientes perante os estímulos e fatores de risco que irão surgir num meio natural não controlado humanamente, quando ocorrer a libertação.

O complexo permite ainda “acolher temporariamente, tratar e recuperar exemplares de Lince-ibérico, provenientes da natureza, doentes ou feridos, e que apresentem condições de recuperação viável, em condições de bio-segurança, isto é, sem interferirem com os espaços físicos e com as operações de maneio dos exemplares detidos em cativeiro — progenitores e crias ou juvenis”, refere o ICNF.

Em fevereiro já tinham sido libertados dois outros linces na mesma zona algarvia: o Sismo e a Senegal.

O lince-ibérico é considerado o felino mais ameaçado do mundo e até 2015 era o único considerado em “perigo crítico” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Nesse ano, a UICN reduziu o nível de ameaça para “em perigo”, devido ao trabalho e colaboração entre redes portuguesas e espanholas. Se a atual evolução prosseguir, em meados da proxima década o nível de ameaça descerá para “vulnerável”.

A Liga para a Protecção da Natureza (LPN), em parceria com a organização internacional Fauna & Flora International (FFI), lançou, em 2004, o Programa Lince, que conta com a participação e o apoio técnico e científico de um grupo composto pelos principais especialistas nesta espécie em Portugal.

Percorra a galeria para saber mais sobre o lince-ibérico.

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