Quem a vê, não imagina a crueldade à qual foi submetida. Sudi, uma cadela que nasceu no Irão e que passou pelo Canadá, hoje vive nos Estados Unidos e está à procura de um lar. Foi ao lado de centenas de outros animais também disponíveis para adoção que a patuda reaprendeu a viver e ajudou outros na mesma situação. Mas até hoje, cerca de um dois depois do seu resgate, é impossível ignorar as cicatrizes.
A sua história é tão cruel que parece mentira. Mas as marcas deixadas para sempre pelo seu corpo não a deixam mentir. A rafeira vivia numa quinta onde o seu antigo tutor queria que perseguisse predadores e protegesse os bovinos e suínos. Mas Sudi era “simpática demais”, além de ser apaixonada pelos humanos. A meiguice que muitos procuram num cão foi para ela uma sentença de morte.
“Ele cortou tudo. Metade dos seus quatro membros, orelhas, cauda e dedos das patas”, contou Selma Barroso, voluntária do Homeward Trails Animal Rescue, à revista “People”. Ainda assim, não pareceu suficiente. Depois da primeira tortura, Sudi foi amarrada a um camião e arrastada durante vários quilómetros. Por fim, ainda levou vários pontapés. “Não fazemos ideia de como sobreviveu”, confessou.
A cadela acabou por ser resgatada por Sajjad Nadimii, fundador de um grupo de resgate animal no Irão. Após vários meses sob os seus cuidados, o protetor iraniano percebeu que para sobreviver, a gigante precisaria de uma prótese de anca. Foi aí que começou a entrar em contacto com organizações nos Estados Unidos e na Europa.
Duas mulheres, também iranianas mas que vivem nos Estados Unidos, apresentaram-no a Barroso, que convenceu a associação na Virginia a acolhê-la. “A Selma soube da história e partilhou-a comigo. Ela esperava que a Homeward Trails pudesse acolhê-la para oferecer os cuidados e o lar de que precisava”, partilhou Sue Bell, diretora executiva da associação. Em agosto de 2022, Sudi embarcou num avião.
O processo, porém, não foi fácil. Afinal, a cadela só tinha uma perna a funcionar — o resto precisava de cuidados. “Ela passou por vários procedimentos nas pernas e devido à natureza dos ferimentos, que eram mais graves e extensos do que imaginávamos, continua a ser submetida a cirurgias para aliviar a dor e ajudá-la andar”.
“Tem muito amor pelos humanos”
Sudi não é grande fã de animais adultos — é ao lado dos bebés que se derrete. Na família de acolhimento temporário, enquanto recebia os cuidados mais intensos, conheceu vários deles e deixava-os fazer um pouco de tudo. Mas com os de porte grande, a história não é bem assim. Por isso, o ideal é que seja “filha única”.
Ainda em agosto de 2022, quando chegou aos Estados Unidos, a patuda ganhou duas próteses para as patas dianteiras. Porém, com o problema na anca, ainda tem dificuldades em andar. Foi também na FAT que reaprendeu a viver e mostrou-se uma cadela “extremamente meiga e feliz”. “Ela não tem qualquer problema com estranhos. É muito dócil. Acredito que perdoou totalmente os humanos pelo que o seu antigo dono fez”, garantiu Barros.
A cadela ficou disponível para adoção a 30 de janeiro e já recebeu algumas candidaturas. No entanto, se para adotar um animal saudável já é preciso de uma grande responsabilidade, para a patuda o assunto é ainda mais delicado. Além de ser filha única, é ideal que a gigante de 45 quilos vá para uma casa com poucas escadas e tenha um jardim para passear. “Ela adoraria um quintal onde pudesse relaxar ao sol”.
A Homeward Trails Animal Rescue partilhou ainda que irá cobrir todos os gastos dos seus cuidados ortopédicos futuros, incluindo cirurgias. “Foi uma longa jornada até aqui e ainda não chegamos à linha de chegada. Ela recebeu próteses personalizadas e está à espera de uma cadeira de rodas. Mas a Sudi continua a mostrar-nos que é uma lutadora e tem muito amor pelos cuidadores”.
A seguir, carregue na galeria para ver algumas fotografias da guerreira de quatro patas.