Animais

Tartarugas em zoos conseguem atrasar efeitos do envelhecimento

Num estudo liderado pela Universidade do Porto, os investigadores analisaram 52 espécies de tartarugas em zoos de todo o mundo.
Proteção contra predadores é uma ajuda.

As tartarugas que vivem em jardins zoológicos são capazes de evitar os efeitos associados ao envelhecimento, revela um estudo liderado por cientistas do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO-InBio).

O estudo, intitulado “Envelhecimento lento e negligível nas tartarugas desafia teorias evolutivas da senescência”, foi publicado a 23 de junho na revista “Science”.

Em comunicado citado pela Agência Lusa, o CIBIO-InBio salienta que, através deste estudo, foi possível constatar que as tartarugas, especialmente as populações que são mantidas em condições controladas, “são capazes de exibir senescência [enfraquecimento e perda de capacidades com o avançar da idade] negligível ou mesmo negativa”.

Para chegarem a esta conclusão, os investigadores analisaram a informação demográfica — nascimentos e mortalidade — de populações de 52 espécies de tartarugas em zoos de todo o mundo, tendo abrangido “uma grande variedade de tamanhos, longevidade e estratégias evolutivas”.

“Os resultados mostraram que as tartarugas envelhecem, de facto, mais devagar”, salienta o centro. Segundo o estudo, 75 por cento das tartarugas analisadas apresentaram senescência extremamente baixa e 80 por cento de valores abaixo dos humanos.

Depois de compararem as populações de tartarugas que vivem em meios naturais com as que vivem em condições controladas, acesso ilimitado a alimento e proteção contra predadores, a equipa de investigação concluiu que a “velocidade de envelhecimento é consistentemente maior nas primeiras”, refere a Lusa.

Citada no comunicado, a líder do estudo, Rita Silva, salienta que a explicação para a diferença pode residir na “maior disponibilidade para alocar a energia disponível em longevidade do que em encontrar alimento ou escapar a predadores”.

“É importante salientar que, mesmo com taxas de senescência muito próximas de zero ou até negativas, estes indivíduos não são imortais e estão ainda sujeitos a causas de morte como doenças e predação”, explica a investigadora, acrescentando que o resultado “indica apenas que o risco de mortalidade não aumenta à medida que os anos passam”.

O estudo revela ainda que, ao contrário da maioria dos mamíferos (nos quais se inclui a espécie humana), as tartarugas macho vivem, em média, mais tempo do que as fêmeas.

Para Rita Silva, este artigo “vem desafiar teorias evolutivas de envelhecimento”, ao mostrar que as tartarugas “encontraram uma forma de desacelerar ou completamente escapar aos efeitos negativos de envelhecer”. “Para desvendar os segredos da longevidade precisamos ainda de mais estudos comparativos e em grupos filogenéticos historicamente menos estudados, como é o caso dos répteis”, acrescenta a investigadora.

Percorra a galeria para saber mais sobre as tartarugas, que são dos répteis mais antigos do mundo.

ÚLTIMOS ARTIGOS DA PiT