Há um fenómeno que se está a propagar um pouco por todo o país: a mendicidade com recurso a animais. Em Lisboa, esta é uma prática que se verifica há anos – mas não é apenas na capital, nem sequer somente no continente, que isto acontece. Na ilha da Madeira é também um cenário cada vez mais corrente, denuncia a Associação Ajuda a Alimentar Cães (AAAC), que resgatou no Funchal um cão-bebé sem reação, drogado, nesta terça-feira, 16 de abril.
“Tivemos mais este caso complicado, mas, felizmente, conseguimos atuar”, diz à PiT a presidente da AAAC, Mariana Nóbrega. A associação não consegue virar costas a um animal a necessitar de auxílio e têm sido diários os casos que divulga de resgates sucessivos, com situações bastante complexas e problemáticas. E desta vez era apenas um bebé – que está já a salvo.
Numa publicação no Instagram, onde se vê o cãozito completamente apático e prostrado, a AAAC explica o que aconteceu. “Hoje conseguimos resgatar um bebé, sob efeito de estupefacientes, a um toxicodependente. Foi feito um teste e foi para laboratório. Este fenómeno prolifera de um modo preocupante e até hoje ninguém fez nada. Estas situações têm sido sinalizadas e denunciadas há anos. Não acontece nada, fazemos nós acontecer. Este já é nosso”, escreveu.
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AAAC pede atuação da Câmara do Funchal
Para a associação, a ausência de atuação das entidades competentes não pode continuar. “Existe uma enorme inoperância por parte da Câmara Municipal do Funchal. Exigimos a criação de um Regulamento Municipal que proíba a mendicância com animais de companhia no concelho do Funchal”.
“Esta solução já foi equacionada por diversos municípios do continente, mas em todos eles não existiu coragem política para avançar com a medida, com receio da perda da popularidade. Porém, certo é que alguma coisa tem de ser feita neste capítulo, uma vez que o espetáculo conferido por este tipo de mendicância é degradante e representa um aproveitamento imoral dos animais usados”, acusa a AAAC. A associação diz que, caso este problema não seja travado rapidamente, “irá aumentar significativamente, até porque começa a verificar-se uma forte expansão desta atividade por ser considerada rentável”.
A este bebé foi dada uma oportunidade e agora está em segurança e poderá crescer feliz e saudável. Mas a outros talvez não se chegue a tempo – e o que a AAAC pede é que estas situações deixem de se repetir. Percorra a galeria para ver o cãozito resgatado.