Ouvem-se cães a ladrar. Pelo barulho, dá para imaginar que são muitos. E são. Estão a receber Svitlana, uma mulher ucraniana que já salvou mais de 300 cães abandonados durante a guerra naquele país, decorrente da invasão russa de 24 de fevereiro de 2022. Os cães salvos foram abrigados por Svitlana num canil em Myrnohrad, perto de Donetsk.
Os cães sabem que Svitlana está ali para ajudar. E a receção bastante calorosa é a prova disso, mas desta vez a voluntária vai acompanhada de uma equipa de reportagem da SIC, que tenta perceber a história desta mulher que, em tempos de grande aflição, incerteza e de fuga constante, não consegue deixar estes animais para trás.
“Não gosto de pessoas, gosto de animais”. A afirmação de Svitlana em declarações à estação televisiva portuguesa é, por si só, muito reveladora e ajuda a entender a ligação entre a ucraniana e os “filhos”, como carinhosamente se refere aos patudos do canil. Sabe o nome de cada um deles e eles “parecem saber que foi ela que os salvou”.
Tudo começou quando as investidas das forças russas se intensificaram e as pessoas tiveram de fugir. Nessa altura, muitos animais foram abandonados e Svitlana começou a alimentá-los, conta. “Cozinhava umas papas, não tinha muita ração, e andava por aí a alimentar os animais. Depois, os militares começaram a trazê-los para cá. Os nossos rapazes, onde estão de serviço, não conseguem deixar lá os cães”.
Na conversa com a jornalista, a ucraniana revela não ter condições para suportar todos os cuidados de que os animais necessitam, o que a levou a unir esforços com a sua ajudante, Larissa, para angariar fundos online.
O canil conta com um espaço específico para os cães que têm problemas de saúde e é, também, o lar de 30 gatos, encontrando-se, neste momento, sobrelotado. A sua localização geográfica, no entanto, está longe de ser a melhor e, segundo a SIC, foi emitido um alerta de evacuação na cidade, pouco tempo depois da gravação da reportagem.
Desesperada, a ucraniana descreveu a situação como pode: “A situação na cidade está muito complicada. Está sob constantes ataques. Fomos obrigados a retirar a maior parte dos nossos animais, mas ainda temos muitos aqui”.
Apesar do perigo iminente, devido à proximidade das armadas russas, Svitlana garante que não vai parar de ajudar os animais: “Mesmo que eu consiga levar os animais todos daqui, eu não me vou poder ir embora. Caramba, não quero chorar. Não me vou embora. E os animais abandonados, quem os vai alimentar?
“Por isso eu, por enquanto, continuo aqui. Vou continuar a salvá-los até ao fim”, e deixa um apelo “Continuamos a precisar de muita ajuda para comprar o novo abrigo para onde vamos poder levar todos os nossos animais”, explica.
De seguida, carregue na galeria para saber mais sobre a história de Svitlana.