Fábio Ferreira acolheu June com a certeza inabalável de que a patuda se manteria a seu cuidado durante poucos dias, encontrando rapidamente uma família definitiva, que não resistiria aos cinco quilos de pelo fofo e personalidade adorável. A crença mantém-se, mas o tempo terá de se alargar, e as condições em que a cadela chegou surpreenderam pelas piores razões.
O responsável pela patuda dedica-se à causa animal, servindo como FAT para os animais que precisam, e partilhando as suas histórias na página “Olha-me Aquele Cão”, com o objetivo de sensibilizar. Explica à PiT ter-se deparado com uma publicação no Facebook, feita pelos ex-detentores de June, onde explicavam que mudariam de casa num futuro próximo, e que por isso pretendiam dar a cadela. “Eu acho sempre que eles vão ser adotados rapidamente porque vejo sempre coisas boas neles”, explica o voluntário de 40 anos. “Ela é pequenina, peluda, novinha, então pensei que estaria em minha casa dois ou três dias“. Enviei mensagem e disse “ok, vou buscá-la””, conta à PiT.
A patuda de um ano e meio vivia no Algarve, em Loulé, onde Fábio, que reside em Leiria, estava prestes a deslocar-se temporariamente para prestar apoio a três de 20 cachorros resgatados de um contentor do lixo pela Animal Rescue Algarve. Chegando à casa dos detentores da cadela, foi recebido pela dona, que num primeiro momento levou apenas os documentos e assegurou a assinatura de troca de titularidade. “Quando foi buscar a cadela veio com ela embrulhada numa toalha e disse que ainda estava molhada porque lhe tinha dado banho”, conta.
Fábio avança ter tentado pôr June no banco de trás do carro, onde a patuda começou a tremer. Ao tentar remover a toalha para devolver o objeto à tutora, esta insistiu que a levasse, mantendo a cadela embrulhada. “Agarrei nela e conduzi com ela ao colo porque era apenas um quilómetro de distância, e veio um cheiro muito mau”, conta.
Ver esta publicação no Instagram
O destino era o abrigo da associação, onde o voluntário chegou com a patuda, contemplando a descoberta que justificava o mau cheiro e a interação com a antiga detentora. “Meti-a no chão e tirei a toalha, e na parte de trás do corpo estava o pelo em pasta, cheia de cocó“, explica. “Ela teve muito medo e escapou do peitoral. Por sorte estava outro rapaz do abrigo, que foi buscar o seu cão e foi o cão que a trouxe até nós. Ele cheirou-a, voltou e ela seguiu-o e conseguimos agarrá-la”.
A primeira noite de June no abrigo foi passada na casa de banho, já que a equipa não conseguiu tosquiá-la no próprio dia — durante este tempo, Fábio visitou-a várias vezes, e o medo que a cadela demonstrava na sua presença acalmou. No dia seguinte foi completada a tosquia. “Tirámos uma pasta de pelo muito duro, e apareceram larvas”, conta. Além disso, a pequena tinha uma dermatite, que tornou o processo doloroso.
O novo tutor crê que June tenha sido mantida num local muito pequeno, já que tem o hábito de “fazer as necessidades onde dorme, apesar de agora ter mais espaço”, algo que explica não ser comum nos cães.
June está com a nova família há cerca de uma semana e meia. A visita ao veterinário denunciou que a cadela não tinha as vacinas em dia, confirmou a dermatite e evidenciou uma hérnia abdominal — esta será removida durante o procedimento de esterilização de June, que acontecerá daqui a duas semanas. Assim que recupere, estará pronta para receber uma família definitiva.
Carregue na galeria para conhecer June.