A ursa que fez de tudo para salvar a sua cria não resistiu. E quando dizemos tudo, é mesmo tudo. Até lutar com o seu companheiro para proteger a “filha” de ambos. Após vários meses de tentativas de resgate, a fêmea foi encontrada morta juntamente com a sua cria, na gruta onde se abrigaram depois da luta.

Desde junho, data do incidente, que as autoridades ambientais de Castela e Leão (Espanha) tentavam retirar os animais da caverna de difícil acesso, situada no Parque Natural Montaña Palentina, deixando comida e água à entrada do abrigo. Mas de nada surtiu efeito e os animais acabaram por não resistir aos ferimentos.

O ataque teve início na tentativa do macho em matar uma das suas crias, algo bastante comum na espécie durante a época de acasalamento, para forçar as fêmeas a acasalar. Aliás, a ursa já tinha perdido uma cria da mesma forma.

Um vídeo captado por um casal que passeava pelo parque mostra, no entanto, um final inesperado. A luta resultou na queda de ambos os ursos de um grande penhasco, provocando a morte do macho, que pesava 217 kg. A fêmea e a cria conseguiram fugir e encontraram abrigo.

As autoridades iniciaram imediatamente as buscas, acreditando que a fêmea pudesse estar gravemente ferida, devido ao sangue encontrado nas rochas. Acabaram por localizá-la, junto da cria, numa gruta, 33 metros abaixo da superfície, presumindo que caíram, o que terá agravado a sua situação, segundo Guillermo Palomero, presidente da Fundación Oso Pardo.

“Com o passar dos dias sem notícias e com os abismos e galerias cheios, concluiu-se que poderiam estar mortas”, confirmou o presidente, citado pelo jornal El País, que, apesar de lamentar o desfecho, afirma ser “esperado e que são coisas que ocorrem na natureza”. Os cadáveres dos animais foram levados para o Centro de Recuperação de Animais Selvagens, em Burgos, para ser realizada a autópsia que indica a causa da morte e para confirmar, também, se as crias eram mesmo filhas do macho que as atacou.

Segundo Guillermo Palomero este não foi caso único, visto que é habitual encontrarem animais mortos, em resultado da queda de penhascos nas regiões montanhosas: “Encontramos muitos animais mortos, como lobos, cabras de montanha e ursos. Não é nada raro”, esclarece.

Apesar deste facto, a extinção das espécies não é algo que preocupe o presidente. Mas alerta para os perigos a que estes animais estão sujeitos quando não estão protegidos, especialmente na Cordilheira Cantábrica e das zonas montanhosas da região de Palencia.

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