Há quase uma década, Sergei Sverdlov aterrava nos Açores de malas e bagagens. Firme na intenção de morar em Portugal, deixou para trás o Porto, cidade pela qual se apaixonou, devido ao aumento dos preços. Na ilha Terceira descobriu um pequeno pedaço de terra onde se imaginou a criar uma quinta ecológica — um plano que correu bem, até acabar mal.
Rapidamente assinou um contrato e passou a explorar o terreno onde criou o Banana Eco Camp. “Ao fim de oito anos, o sítio tornou-se muito popular”, recorda o engenheiro natural do Cazaquistão. “Era uma quinta abandonada cheia de bananas. Não tinha nada. Fiz uma pequena cozinha, duas cabanas de madeira, as casas de banho, um duche.”
Um dia, recebeu uma carta do senhorio. “Dizia que tinha dois meses para sair, apesar de ter feito ali quase tudo”, explica sobre o contrato que diz ter assinado numa altura em que “pouco percebia português”. “E assim, na altura do Natal, fiquei na rua com a minha mulher e as duas filhas.”
Não tardou a encontrar uma solução que lhe permitisse fazer o que mais gosta e ficar pela ilha que adotou. Hoje, Sergei e Nina, ambos com 41 anos, gerem a Exotic Eco Farm, onde é possível ficar a dormir na cabana de madeira construída com as próprias mãos.
Engenheiro de profissão, decidiu viajar pelo mundo até aterrar em Portugal. Pelo caminho, na Índia, apaixonou-se por um modo de vida mais simples e por lá criou a sua primeira quinta ecológica. “Sempre vivi numa cidade pequena, na natureza, entre tomates, pepinos e melancias. E é algo que gosto de partilhar com os outros.”
A escolha do nosso País foi uma escolha quase aleatória, pela qual se apaixonou. Tentou encontrar um local ideal para um espaço do género nos arredores do Porto, sem sucesso. E foi isso que o levou até aos arredores de Angra do Heroísmo, onde quis ficar, mesmo depois do choque que sofreu ao ser forçado a dizer adeus ao grande projeto do Banana Eco Camp.
Além de ser pet friendly, a quinta e arredores são o lar de vários animais — entre veados, galinhas, ovelhas, gatos e, claro, as famosas vacas dos Açores. Pode interagir com todos eles.
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“Acabei a falar com os vizinhos, que conheço bem, e indicaram-me um terreno muito bonito e cujo dono aceitou vender por um bom preço”, explica. Em três meses, idealizou o novo projeto, que ergueu com as próprias mãos.
O primeiro passo foi criar uma plantação de café, que correu de forma desastrosa. “As vacas vieram e comeram tudo em dois dias. Fiquei chocado”, conta entre gargalhadas. Depois vieram as bananas, as mangas, os abacates, as papaias e os maracujás. Fruta não falta no terreno de meio hectare.
Tal como havia feito no outro projeto, tudo é construído com materiais naturais e com as próprias mãos. Começou pelos lavabos, erguidos com madeira autóctone, depois seguiu-se a cozinha, um duche e uma zona de jantar coberta.
Para receber hóspedes, começaram por criar uma área de campismo com algumas tendas que podem ser alugadas, antes de investir os esforços numa cabana em forma de A, toda em madeira, com mais conforto, mas ainda assim num espírito de comunhão com a natureza.
Em simultâneo, Sergei e Nina continuam a trabalhar na recuperação da pequena casa que existia no terreno e onde vivem com as duas filhas, a quem querem proporcionar uma vida em comunhão com a natureza. “Fazemos tudo de forma ecológica, sem químicos ou tratamentos”, sublinha o engenheiro.
Disponível através do Airbnb, a cabine de madeira serve apenas como acomodação. Os hóspedes podem usar todas as infraestruturas e quanto à comida, tudo o que a terra dá está à disposição dos visitantes.
Quem quiser passar uma (ou mais) noites nesta cabine artesanal paga 40€ por noite. Quem preferir ficar-se pelas tendas tradicionais, o valor desce para os 20€ — e quem trouxer a sua própria tenda, pode ali alojar-se por 15€ por noite. A vista das paisagens verdes dos Açores? Essa é de borla.
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