Família

Adotado: cão encontrado por Carlos Areia e Rosa Bela já foi para a nova casa

O patudo assustado, que mal se aproximava, vai receber carinho da nova família. E terá a ajuda de um Labrador para se adaptar.
O casal vai acompanhar o processo de adaptação do cão.

Baco rebolou, pelas ervas do descampado onde foi abandonado, diretamente para a casa nova. Ou melhor, para os braços de quem lhe prometeu arranjar uma que fosse confiável e, sobretudo, para sempre.

Já é habitual Carlos Areia e Rosa Bela darem uma volta noturna com o seu cão Óscar, que adora “passear e cheirar as flores”. Geralmente, fazem-se acompanhar pelos seus vizinhos e pela sua Border Collie. Mas, desta vez, apareceu uma companhia diferente.

“Começámos a ouvir uma ladrar desesperado vindo de uma zona cheia de ervas. Ainda pensámos que fosse alguém a passear o cão, na rua de cima, mas o barulho era mesmo exasperante. Como se estivesse a chamar alguém por nós”, começa por contar à PiT a atriz de 30 anos.

Rosa insistiu com o vizinho para ir ver o que se passava e foi a sua cadela a tomar a iniciativa: “Ela é mais aventureira e de campo. O meu Óscar ficou quieto, no mesmo sítio”, descreve.

Quando a Border Collie se chegou perto do animal, ficou “estática”, e o vizinho foi perceber o que o motivava. “Quando ele ligou a lanterna e lhe pegou ao colo… Meu Deus, era um bebé com três meses”.

Baco foi encontrado num descampado.

Coberto de ervas, de pulgas e muito magro, “com uma barriga inchada, que sugeria ter lombrigas”, Rosa e Carlos levaram-no para casa, com a missão de lhe arranjar uma família: “Colocámo-lo na cozinha, porque o Óscar é muito protetor do seu espaço, pusemos-lhe uma caminha e a cabana dos gatos que era dos meus vizinhos”.

O casal de atores, que está junto há mais de 14 anos, não sabe em que condições é que o cão vivia. Mas certamente que não foram as melhores, devido aos medos que lhe deixaram. Apesar de não morder, o cão, que aparenta ser da raça Border Collie, “não deixava que lhe dessem festinhas, e escondia-se logo na cabana”. Nem quando lhe davam comida, ele aparecia para receber mimo, deixando apenas que lhe pegassem ao colo.

A primeira noite foi difícil para o patudo bebé. E também para os seus tutores temporários: “Não dormi nada. Ele não parava de choramingar”. Foi preciso uma visita da Border Collie da porta do lado para o animar, com o seu “instinto maternal”, que o tirou logo da cabana, disposto a brincar.

Ainda que Rosa gostasse de “poder adotar todos os cães”, não consegue fazê-lo: “A minha casa é muito pequena, e estamos a falar de um animal do dobro ou do triplo do tamanho do Óscar. Além disso, sempre que vou viajar, deixo-o com as irmãs do Areia, e não ia estar a pedir-lhes para cuidar de mais um animal, ainda por cima com esse tamanho”, explica.

A reação “de repulsa” de Óscar também não ajudou a reverter a decisão, mas, apesar as noites mal dormidas serem dolorosas, a atriz estava disposta a habituar-se, caso fosse necessário: “Prometi que só o deixava, quando encontrasse uma família para ele. Fosse hoje ou daqui a uma semana”. E a espera acabou, felizmente.

Novo nome, nova família e novo companheiro de quatro patas

“Recebi imensas mensagens de pessoas a quererem adotá-lo. E, claro, que é tudo muito bonito, mas a pessoa fica insegura, em avançar com alguém desconhecido”. Para Rosa, era fundamental conhecer o possível tutor do cão, antes de tomar qualquer decisão. Mas alguém decidiu facilitar-lhe a tarefa.

Entre as centenas de mensagens que recebeu, algumas também a apoiá-la e ao companheiro, ator da SIC com 79 anos, pela boa ação, havia uma conhecida da sua vizinha disposta a ficar com o cão. “Assim, certificamo-nos de que fica bem entregue. Ela já tem um Labrador e estava à procura de companhia para ele”, afirma Rosa à PiT.

Baco, como a nova família o batizou, foi esta sexta-feira, dia 17 de março, para a nova casa. E Rosa promete acompanhá-lo nos primeiros tempo: “Já marcaram uma consulta de veterinário, e vamos com ele, para ver se está tudo bem”.

A atriz não teme pelo futuro de Baco, pois a família já demonstrou “disponibilidade para ele se ambientar”: “Não é qualquer pessoa que consegue aguentar um cão a chorar. Eles já estão habituados e vão cuidar dele. Além disso, ele vai sexta-feira exatamente para poder passar o fim-de-semana com a família. Para passear com eles, brincar com o outro cão e para poder receber atenção”.

“Já que quer ajudar, fique com o animal”

Rosa bem queria, mas não consegue. E também não julga quem o faz: “Não condeno quem resgata os animais e tem de os colocar para adoção. Condeno, sim, aqueles que os adquirem, e depois os abandonam”, critica à PiT.

A atriz aconselha a que todos ajam como ela, neste tipo de situações: “Levem-nos para casa e procurem uma família para eles. Não os deixem na rua”. E bem pode falar, porque não é a primeira vez que o faz.

“Em outubro, encontrei um Pitbull à porta de casa. Não parecia ter sido abandonado, porque estava bem cuidado. Pensei que estava perdido, e levei-o ao veterinário para ver se tinha chip”. Veio a descobrir que o cão se chamava Zack, e que tinha sido adquirido no Pinhal Novo, distrito de Setúbal, em 2020.

O veterinário ligou para os donos, que não atenderam. Ficou de dar novidades a Rosa, caso existissem, mas mais nenhuma palavra disse. “Duas semanas depois, vejo uma publicação a dizer que o cão está para adotação”.

“O cão devia ser um cão pandémico, que foi adquirido com o intuito de os donos poderem sair à rua. Devem ter ficado com receio de que o veterinário fizesse alguma coisa, e foram buscá-lo para o colocarem para adoção”, suspeita Rosa.

Rosa ainda tentou descobrir os donos, através de um amigo, e também chegou a contactar o grupo de Intervenção e Resgate Animal (IRA), que tinham partilhado a publicação da adoção. Mas nunca teve resposta.

Oscar já tem dez anos.

O Pitbull não foi o primeiro animal a que Rosa deu casa. A amante da causa animal, que esteve presente na manifestação contra a inconstitucionalidade da lei da criminalização dos maus-tratos a animais, tem um patudo que é a prova disso mesmo: Óscar.

Adotado em 2013, foi também um refúgio para atriz: “Tinha acabado de me mudar para Lisboa e queria muito um cão. O Carlos estava a gravar uma novela e eu estava a tentar integrar-me. Foi um período difícil, também no início da nossa relação”, desabafa.

As dimensões do apartamento não mudaram, por isso Rosa procurou um cão pequeno para adoção, na Internet: “Havia uma senhora com uma ninhada e eu fui lá buscá-lo”. E ainda bem que o fez, porque a primeira palavra que lhe vem à cabeça para o descrever é “incrível”.

“Ele é um super humano. Quem tem cães ou gosta de animais diz sempre que os seus são incríveis. Mas o nosso é um pouco mais especial”. É o seu maior companheiro em tudo o que faz na vida. Leva-o para o teatro, a passear, e até fica sossegado à mesa quando estão a almoçar.

O arraçado de Yorkshire com Caniche ladra, como é característico dos cães a pilhas, mas é muito calmo. E até dorme com os donos. E, agora que Baco foi para a nova casa, pode recuperar toda a sua atenção.

Carregue na galeria para ver algumas fotografias de Rosa Bela, Carlos Areia e do seu cão Óscar.

ver galeria

ÚLTIMOS ARTIGOS DA PiT