A Amadora conta com 22 parques caninos, destinados a passeios, sociabilização e treinos dos patudos — são todos investimento público: uns da Câmara Municipal e outros das juntas de freguesia. O responsável da autarquia pela área do bem-estar animal diz que a Amadora tem conseguido aumentar as adoções responsáveis.
A propósito do regresso do Pet Market Parque do Neudel, na Damaia, este domingo, 23, apresentamos a radiografia de um concelho onde todas as freguesias estão dotadas destes equipamentos, em que cães e tutores podem brincar livremente e sociabilizar.
“Com uma malha urbana muito densa, a Amadora já tem muitos parques e jardins, que a colocam, aliás, na vanguarda na Área Metropolitana de Lisboa, mas entendemos que era importante, numa questão de bem-estar dos animais, mas também da própria higiene urbana, ter parques vocacionados para cães e foi nessa perspetiva que começámos a trabalhar nesta realidade em 2017, 2018”, conta à NiA o vereador da Proteção e Bem-Estar Animal da Câmara da Amadora, Luís Lopes.
Os dois primeiros parques caninos do concelho foram criados em 2018, no Parque Urbano das Artes e Desporto, na Estrada da Serra da Mira, freguesia da Mina de Água. “Tem a particularidade de termos criado um parque exclusivo para as denominadas raças potencialmente perigosas, coisa que não é habitual neste género de equipamentos.”
O grande objetivo da Câmara e das juntas de freguesia foi, além de dotar o município de equipamentos para os cães e os seus tutores, reduzir a quantidade de dejetos caninos nos passeios, que é uma praga habitual nas grandes cidades como a Amadora.
“Apesar de se verificar uma melhoria, por mais campanhas de sensibilização para a utilização de sacos para que os tutores façam a recolha, e o que é certo, é que há sempre gente que não o faz. Nos parques caninos, há uma espécie de vergonha social: como, normalmente, há mais tutores com os seus cães, as pessoas recolhem os dejetos”, considera o vereador, de 55 anos.
A importância dos parques caninos
Além disso, os parques permitem “uma maior sociabilização dos animais, porque os cães que não têm contacto com outros animais, está provado, são mais reativos, instáveis, e geradores de potenciais problemas”. O exercício físico é importante e o contacto com os pares estimula o desenvolvimento das capacidades relacionais.
As freguesias da Mina de Água (com uma extensão de oito quilómetros quadrados e cerca de 43 mil habitantes) e da Venteira (5,3 quilómetros quadrados e 26 mil residentes) — as mais populosas do concelho, segundo os Censos de 2021— são as que têm mais equipamentos destinados a cães: seis, ao todo.
Falagueira-Venda Nova, Águas Livres e Alfragide têm três dog parks cada uma, enquanto a Encosta do Sol tem apenas um, na pista de Alfornelos, segundo a listagem fornecida à New in Amadora pela autarquia.
“Todos os parques caninos têm água potável para os animais, relva e muito espaço disponível. Alguns são dotados de equipamentos que estimulam a agilidade dos cães e a interação com os tutores. Além disso, são espaços seguros, porque estão cercados”, afirma Luís Lopes.
O vereador do bem-estar animal reconhece que “os tempos mudaram” e os animais “são hoje uma parte integrante das famílias, não só em Portugal como no mundo inteiro”, sobretudo após a Covid-19. “Mas é preciso também respeitar que há pessoas que não gostam de cães, seja porque têm medo ou porque foram mordidos em crianças. E, se queremos construir cidades tolerantes inclusivas, temos de criar espaços para todos.”
“Os centros de recolha não deixam de ser prisões”
O trabalho da autarquia na defesa da dignidade animal não se faz apenas na construção de equipamentos sociais, mas sim no reforço dos mecanismos de proteção e na reabilitação das condições de recolha de animais.
O CROAMA, Centro de Recolha Oficial, o nome que se dá aos antigos canis municipais, veio “retirar alguma carga negativa a estes espaços”, mas Luís Lopes prefere não se iludir.
“Sejamos claros. Nos últimos anos, a Câmara Municipal fez um trabalho sério, de requalificação e ampliação do CROAMA, que conta atualmente com novas boxes que acolhem 140 animais, entre cães e gatos, — mas os centros de recolha não deixam de ser prisões. As pessoas que deixaram de ter condições para ter um cão em casa não podem pensar que o centro de recolha é a solução, porque não é”, sublinha à New in Amadora.
“Ter um animal tem de ser uma decisão amadurecida, não pode ser um impulso e essa é uma mensagem que nunca é demais reforçar junto da população”, lembra o autarca, que acrescenta que tem havido uma diminuição do abandono animal na Amadora e, sobretudo, um aumento das adoções responsáveis.
Luís Lopes sublinha ainda a importância das associações de apoio à causa animal. “Quem está no poder público, seja ele central ou local, tem de trabalhar em rede, tem de conquistar as pessoas, tem de estabelecer pontes. Neste caso em particular, não se faz nada sem as associações”, afirma.
A Câmara, confirma o vereador, “tem protocolos com quase todas as associações que operam no concelho no que diz respeito à vida animal. Quer com a Liga Portuguesa dos Direitos do Animal, quer com a Animais de Rua, com a Animalife, que nos abriu ainda mais o espetro e nos permite termos um veterinário que vai a casa dos tutores com maiores vulnerabilidades sociais”.
O político elogia o trabalho da Tiara, da Rafeiros SOS e da Amiama — “embora esta seja gerida pela Liga” —, associações locais, com quem a autarquia tem trabalhado para melhorar as suas condições. “Nem sempre podemos dar as respostas pretendidas nos tempos certos ou nas condições que são pedidas, mas a câmara está apostada na defesa da causa animal e reconhece o trabalho que tem sido feito pela sociedade civil.”
Carregue na galeria e veja alguns dos parques caninos da Amadora.