“Amanda amava os nossos cães quase tanto como gosta dos nossos filhos”. É assim que Brian Rogers descreve a relação da mulher com os companheiros de quatro patas da família. A enfermeira de 45 anos desapareceu a 23 de dezembro durante uma caminhada com o marido para celebrar os 18 anos de casados e, desde então, não foi mais vista.
Esta quarta-feira, 27 de dezembro, marcou o terceiro dia de buscas pela enfermeira e pelo cão Groot, um Lébrel irlandês. “No final do dia, analisaremos e veremos se há outras áreas de interesse, que ainda precisamos de pesquisar, e então tomaremos uma decisão sobre que tipo de estratégia ou tática poderemos implantar amanhã”, disse Austin McDaniel, diretor de comunicações do Departamento de Segurança Pública, na terça-feira, 26, ao jornal local “Alaksa’s News Source”.
Amanda e Brian vivem no Alasca, Estados Unidos, e na manhã do dia 23, ambos partiram num trilho para celebrar o aniversário de casamento. O casal estava acompanhado dos dois cães até que Groot parou para beber água no Eagle River, um lago congelado. O Lébrel irlandês (raça que pode chegar até aos 55 quilos) acabou por partir o gelo com o peso e caiu para dentro da água.
“Tínhamos planeado levar dois dos nossos cães para passear, sair para um encontro e passar a noite no Hotel Captain Cook”, contou Brian, num comunicado partilhado pelo jornal. “Foi um belo dia. Já tínhamos vindo cá muitas vezes e era um dos sítios favoritos da Amanda. Estávamos a divertir-nos muito a ver os animais brincarem e a admirar a beleza do Alasca ao ar livre durante o inverno”, acrescentou.
O casal visitou alguns amigos pelo caminho e, já cansado, resolveu deitar-se sobre o gelo enquanto os dois animais brincavam. Quando Groot caiu através uma abertura no lago, Brian e Amanda levantaram-se em desespero. O homem foi o primeiro a saltar. “Pensei ter visto uma grande pata branca debaixo da superfície. Segurei-me na borda enquanto mergulhava, a tentar alcançar a escuridão e a tentar sentir e agarrar o Groot. Não senti nada”.
Sem sucesso, Brian saiu da água e andou à beira do rio à procura do gigante. Quando olhou para trás, viu Amanda a saltar. “Sabia pela expressão no seu rosto que ela iria salvá-lo. Ela é enfermeira das urgências, treinada para ajudar e salvar pessoas. Neste caso, seria o nosso cão”, sublinhou. “Eu gritei, mas duvido que ela me tenha ouvido porque estava completamente concentrada em salvá-lo”.
“Ela não saltou para salvar ‘apenas um cão’, era um membro da família”
Brian viu o corpo da mulher a nadar debaixo do gelo até Amanda desaparecer. “Esperei e esperei e ainda estou à espera”, contou. “Para qualquer um que esteja a perguntar-se o porquê tentámos salvar o nosso cão, só posso responder que os nossos instintos assumiram o controlo e entrámos sem pensar”, disse, acrescentando que os seus animais são considerados membros da família.
Embora não tenha encontrado os corpos de Amanda e Groot, a equipa de resgate acredita que a dupla poderá ter morrido e as esperanças de ainda os encontrar com vida são mínimas. Na terça-feira, a busca teve de ser interrompida após os equipamentos terem congelado.
“Temos um quarto em casa dedicado à memória de todos os nossos cães anteriores. Temos tatuagens das patas do nosso cão. A Amanda tem no telemóvel cerca de 35 mil fotos e vídeos dos nossos 18 anos de casamento e a maioria delas são dos nossos animais”, apontou Brian. “Ela não saltou para salvar ‘apenas um cão’, era um membro da família. Para mim e para os nossos quatro filhos, ela morreu como uma heroína”.
O homem acrescentou: “A Amanda foi uma mãe incrível e criou quatro filhos maravilhosos. Ela trabalhou como investigadora, enfermeira nas urgências e num hospício pediátrico, mas o trabalho em que se destacou foi o de mãe. Ela adorava o ar livre, a sua família, todos os animais e aventuras. Mudou a vida de muitas pessoas para melhor. Poderia continuar, e continuar e continuar. Era uma pessoa linda com uma alma ainda mais bela”.
No início do ano, a enfermeira havia perdido o pai e preparava-se para celebrar o primeiro Natal sem ele. “Passámos as últimas três semanas a decorar a casa, a pendurar as luzes, a comprar presentes de última hora, a embrulhá-los, a ver os nossos filhos a competirem num torneio de luta livre e a tentar distribuir todos os cartões de Natal para amigos e familiares”, recordou Brian. “Seria o primeiro Natal que comemoraríamos desde a morte do pai dela e queríamos torná-lo especial. Depois de passar um tempo com a sua mãe e a irmã nos dois dias anteriores, o 23 foi o nosso dia. Casámo-nos em 2005 e completámos o nosso 18.º aniversário”, lamentou.
Carregue na galeria para ver algumas fotografias de Amanda com a família.