Até ao ano passado, Luís Antunes, de 47 anos, era diretor de recursos humanos. Já Miguel Pereira, de 43, foi enfermeiro durante 18 anos no bloco operatório de urgência do Hospital Santa Maria. “Passei por muita coisa, mas a pandemia fez-me pôr os pés no chão e foi a altura certa para dar corpo a este sonho”, conta. A 4 de agosto a Lumi, abriram a nova gelataria artesanal de Benfica, bairro onde ambos vivem — e pelo qual são apaixonados.
Quem também vive ali é o primeiro-ministro António Costa. Na verdade, o político já é um dos clientes regulares da loja, e já foi visto a passar lá por imensas pessoas. Consigo, leva muitas vezes uma caixa de gelado de maracujá.
O espaço era, no passado, uma imobiliária RE/MAX. “Quando andávamos à procura de um spot chegaram a mostrar-nos uns quatro ou cinco, mas nenhum correspondeu ao que queríamos. Um dia, estávamos aqui na loja e dissemos que o espaço era giro e que daria uma boa esplanada. O senhor da imobiliária ouviu o nosso comentário e, na semana seguinte, perguntou se queríamos ficar com ela”, recordam os fundadores.
A 1 de abril, o edifício passou para o nome de Luís e Miguel, e em maio começaram as obras, um processo que demorou cerca de três meses. Durante aquele período, os empreendedores tiraram um curso de gelataria para aprenderem todas as técnicas. “Às vezes fazíamos gelados na Bimby, mas era só essa a nossa experiência”, brincam.
Continuam a usar uma máquina durante o processo de fabrico, mas esta foi criada especificamente para a produção de gelados. “É a famosa menina aqui da casa. Sem ela, não fazíamos nada.” A sua função é introduzir ar neste doce, o que proporciona uma cremosidade mais elevada.
Toda a produção é feita na própria loja, num espaço aberto para que os clientes possam acompanhas todos os passos, caso assim o queiram. Os sabores não são imutáveis. Se passar pela Lumi em duas semanas diferentes, é provável encontrar algumas propostas novas. Gelado de melancia ou cerejas foram apenas duas delas.
Mesmo assim, há certas opções que “não irão a lado nenhum”, tal como o limão com manjericão ou os bestsellers de pistácio e caramelo salgado. Outro dos destaques foi pensado pelos próprios fundadores. Chama-se “sabor da infância” e junta banana, bolacha Maria e sumo de laranja. “Quando o provam, os clientes reconhecem o sabor”, garantem. Os preços dos gelados começam nos 2,80€, e as frutas utilizadas são, na maioria, adquiridas nos mercados espalhados por Benfica.
Na loja, que recebe cerca de 200 clientes por dia, predominam os tons verdes e beges, com apontamentos que são uma homenagem aos amigos e família de Luís e Miguel. “Não queríamos ter aquele ar cético das gelatarias. Queríamos algo mais acolhedor, que fugisse ao tradicional”, recordam.
Também pode passar por lá com o seu animal de estimação. Ter um negócio pet friendly foi mesmo uma decisão muito fácil para ambos os amigos. “Se estamos a passear um cão, vemos um gelado e apetece-nos, mas não podemos entrar com o animal, desistimos da ideia”, apontam. Na esplanada com 18 lugares encontra até uma taça onde podem beber água. Mas se preferir, pode ir para o interior onde encontra quatro cadeiras.
“Tem sido uma grande aventura. Não estávamos à espera desta afluência. Isto é mesmo uma história de mudança de vida, porque eu era enfermeiro e o Luís era diretor de recursos humanos. De repente, resolvemos mudar tudo”, diz Miguel.
Acreditam que a gelataria continuará a ser um sucesso no bairro, visto que “as pessoas estão a deixar de comer gelados apenas no verão”. Mas é claro que, nas estações frias, passarão a ter mais produtos de pastelaria, além dos crepes e waffles que têm atualmente.
A seguir, carregue na galeria e fique a conhecer melhor a nova gelataria de Benfica.