A centenária norte-americana Johanna Carrington recorda a infância com uma mágoa em particular. Tendo crescido num orfanato, nunca teve a possibilidade de ter um “cãopanheiro” como sempre desejara. Só mais tarde teve essa condições para tal. E, a partir do primeiro, continuou com companheiros de quatro patas pela vida inteira.
Dizem que a idade não perdoa, mas esse é um chavão que a Johanna pouco diz. No ano em que celebra 101 voltas ao sol, a californiana decidiu adotar um cão, também ele de idade avançada. Batizado Gucci (marca de luxo que, curiosamente, foi fundada em 1921, no ano em que Johanna nasceu), o patudo chegou à nova casa com 11 anos de idade. Um jovem de 77 anos, feitas as conversões à escala universal de um para sete.
A chegada de Gucci deu-se algum tempo depois da morte de Rocky, o último cão que Johanna tivera. A sua vontade era a de voltar a ter um novo melhor amigo quadrúpede, mas havia o risco de os abrigos e canis rejeitarem as candidaturas com base na sua idade avançada.
No entanto, a sorte bateu à porta de Johanna, na pele de uma dos seus vizinhos, voluntária num abrigo para cães em São Francisco. Foi lá que, ao abrigo de um programa que junta cães e tutores seniores, encontrou o pequeno Gucci, acabado de chegar à instituição. “Ele viu-me sentada numa cadeira, saltou para cima de mim e sentou-se no meu colo. Pôs-se logo muito, muito confortável. Tornou-se o meu menino logo nesse momento”, recorda a tutora.
Para garantir a viabilidade da adoção, dadas as limitações físicas resultantes da idade que impedem Johanna passear Gucci várias vezes ao dia, foi o cuidador da adotante, Eddie Martinez, quem ficou responsável por essa tarefa. Com os cuidados básicos assegurados pelo braço direito da tutora, a adoção seguiu em frente e Gucci conheceu uma nova casa.
“Ele entrou em casa como se já tivesse cá estado antes, foi impressioante”, revela Johanna. Cedo se acostumaram à companhia um do outro, e as rotinas em conjunto desenvolveram-se naturalmente. Gucci tem uma série de brinquedos com os quais brinca regularmente, mas, quando sente falta de carinho, junta-se à dona e, juntos, veem televisão. À noite, o patudo deita-se na sua cama e enrola-se num monte de peluches e mantas.
Em dezembro, Johanna celebra o seu centésimo primeiro aniversário. E o seu segredo para a longevidade é bastante simples: além de nunca ter fumado nem bebido, acredita que uma vida com animais domésticos por perto é um dos fatores determinantes para se viver feliz durante muitos anos. Tanto que, especialmente nos casos de pessoas mais velhas que vivem sozinhas, os animais de estimação, por vezes, são a salvação perante a solidão. E, ao lado de Gucci, Johanna não se sente mais sozinha.
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