Família

As cabanas off grid que oferecem uma experiência imersiva na natureza com o pet

O objetivo da TerraCabins é oferecer uma “terapia de desconexão”. Instalaram os primeiros alojamentos perto de Porto Covo.
Completamente isoladas.

João França, de 38 anos, e Bernardo Ruivo, de 34, são amigos de longa data que começaram a notar um problema crescente na sociedade: a dependência de telemóveis e computadores. Atualmente, é difícil encontrar alguém que consiga viver afastado das redes sociais, por exemplo.

Embora residam em Cascais, ambos têm o hábito de passar longas temporadas embrenhados na natureza. Bernardo, como instrutor de surf, passa “muito tempo desligado no mar”, e João, que possui vários negócios na área da agricultura, encontra-se frequentemente em locais rurais, muitas vezes sem acesso à rede. Para eles, é um privilégio.

Durante conversas com amigos, perceberam que partilhavam a mesma preocupação. “Notámos que há uma necessidade crescente de as pessoas se desconectarem e decidimos criar refúgios completamente remotos”, relata João França.

A experiência pessoal de passar um dia sem usar o telemóvel ajudou João a reconhecer como essa desconexão pode reduzir o stress e a ansiedade. Assim, há cerca de um ano, começaram a desenvolver o projeto TerraCabins, que visa instalar “cabanas off grid” em terrenos isolados. Mais do que proporcionar uma estadia imersiva, o conceito oferece uma oportunidade de “detox digital”, uma prática comum em países como a Austrália e a Nova Zelândia.

“Existem muitos estudos científicos que comprovam os benefícios de estar afastado dos telemóveis e computadores por alguns dias. Este tipo de terapia tem sido cada vez mais procurada. Começámos a investigar e percebemos que em Portugal não existia nada semelhante”, salienta.

No final de junho, inauguraram as primeiras duas cabanas do projeto, na zona de Sonega, perto de Porto Covo. O objetivo é espalhar alojamentos semelhantes por todo o território nacional, sempre em áreas isoladas, para que os hóspedes possam estar completamente distantes da sociedade, pelo menos, durante dois dias.

“Estabelecemos parcerias com proprietários de herdades que frequentemente têm grandes extensões de terreno subaproveitadas. Após chegarmos a um acordo, instalamos uma das nossas cabanas, que fabricamos, e uma percentagem da faturação reverte a favor do dono do terreno”, explica o responsável. Atualmente, estão disponíveis duas cabanas, a Tonica e a Odete, ambas pet friendly com uma área de 18 metros quadrados, localizadas no mesmo terreno, mas ligeiramente afastadas entre si.

 
 
 
 
 
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A Tonica homenageia o senhor António, o proprietário original do local, que, face “aos desafios da idade longe da cidade, decidiu passar o seu querido pedaço de paraíso”, lê-se na descrição. Já a Odete é um tributo ao “espírito inesquecível e sorriso contagiante” da antiga proprietária, mulher de António.

Ambas têm capacidade para dois hóspedes e estão equipadas com uma cama, casa de banho, cozinha e salamandra. Incluem ainda uma seleção cuidadosa de livros, feita por João e Bernardo. No exterior, os pequenos decks de madeira, equipados com cadeiras e redes presas entre as árvores, oferecem espaços adicionais de relaxamento.

“Não temos um supermercado ao virar da esquina e incentivamos os visitantes a trazerem os próprios ingredientes para cozinharem aqui. Enviamos sempre um guia com todas as informações, que chamamos de ‘bíblia sagrada das nossas cabanas’, e que incluindo quatro receitas”, acrescenta.

No local, é possível realizar chamadas de telemóvel, mas o acesso a vídeos no YouTube está fora de questão. O intuito é que as cabanas funcionem como uma “terapia de desconexão”. 

“Queríamos criar um espaço completamente imerso na natureza, mas que oferecesse todo o conforto. Tem tudo o que se pode esperar de uma casa, incluindo cama, frigorífico, casa de banho, água quente e até tapetes de ioga”, destaca.

A experiência tem início antes do check-in, uma vez que não é permitido levar o carro até às cabanas. Cada localização possui uma zona de estacionamento específica, onde os visitantes devem deixar os veículos. 

O acesso é feito a pé, percorrendo um caminho com cerca de 450 metros, sendo disponibilizado um carrinho para facilitar o transporte das malas. “Queremos que as pessoas estejam em contacto total com a natureza, por isso, os hóspedes não podem abrir a janela e ver um carro estacionado nas proximidades”, explica.

A estadia mínima é de duas noites e os preços variam consoante os dias escolhidos. Durante a semana, fica a 135€ por noite, enquanto ao fim de semana sobe para 145€. As reservas podem ser feitas online.

Carregue na galeria para ver mais imagens das novas cabanas off grid perto de Porto Covo.

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