Não é a primeira manifestação de Leãozinho. O pequeno Shih Tzu costuma acompanhar os seus donos em muitas marchas na luta pela causa animal. Desta vez, precisou apenas de duas palavras para se fazer ouvir: “Amem-me, porra”.
“Acho que é o necessário. Os animais estão a ser muito maltratados e a ser postos de lado. Eles não falam, por isso precisam de alguém que o faça. Precisam de ser amados. É isso”, explica à PiT a tutora Silvelene Melício, 55 anos.
No dia 21 de janeiro, Silvelene, o marido, Jorge Melício, 65 anos, e Leãozinho preparam-se para ir para uma das maiores manifestações pela causa animal do País. A eles, juntaram-se mais 10 mil pessoas, na rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, para lutar contra a queda da lei que criminaliza os maus-tratos a animais.
O casal caminhou diversos quilómetros, sempre com o cão de 14 anos às costas. “Ele pesa sete quilos e meio, mas não custou nada. Correu tudo bem e foi muito confortável. Fomos andando e, de vez em quando, colocávamo-lo no chão para fazer as suas necessidades”, garante.
Além da fofura que o cão peludo exibiu pelas ruas de Lisboa, o cartaz que segurava na sua mochila foi o motivo de vários olhares. “Foi demais. Havia pessoas a querem tirar fotografias com ele. Fomos entrevistados por diversos canais de televisão. Foi um dia de fama para o Leãozinho”, ri-se a tutora.
Silvelene e Jorge tiveram de abandonar a manifestação antes do seu término, tendo ficado pela Rua de O Século, devido ao jantar de Leãozinho, que “costuma ser às 20h30”, mas só têm coisas boas a dizer da mesma: “Foi muito bom. É assim mesmo. Temos de dar valor a quem nos dá carinho de graça. Aliás, a quem nos dá tudo de graça. Os animais têm um papel tão importante na nossa vida… Não há palavras para descrever”.
Não foram só os manifestantes a ficar doidos por Leãozinho
Leãozinho foi a melhor surpresa que Silvelene podia ter recebido. Quando a publicitária brasileira se apaixonou por um escultor português, mal imaginava que faria a vida do outro lado do oceano. E, quando chegou, foi recebida não só pelos braços de Jorge, como pelas patas do Shih Tzu.
“Ele sabia que eu gostava muito de cães e que tinha deixado o meu no Brasil. Então, decidiu surpreender-me com o Leãozinho”, conta entusiasmada à PiT.
Silvelene sabe de cor todas as datas. O cão nasceu a 19 de novembro de 2009, o mesmo ano em que chegou a Portugal, e foi para casa da família Melício a 27 de fevereiro de 2010, às 17 horas.
Jorge estava a passear, quando um pequeno Shih Tzu, numa loja de animais, lhe prendeu o olhar. Não conseguiu resistir à sua fofura e resolveu comprá-lo. Foi uma grande surpresa para a sua mulher quando viu uma bola de pêlo em cima da cama: “Foi maravilhoso. Adoramo-lo e tratamo-lo como se fosse um miúdo”.
Hoje, e marchando a favor dos direitos dos animais e da adoção responsável, Silvelene tem a consciência de que comprar o cão não foi a escolha mais acertada, mas, na altura, “não se falava tanto da adoção como agora”: “Hoje em dia, adotaríamos. Vemos tantos abandonados a passar na cidade, que acho que seria a opção mais adequada”.
Aliás, a cidadã brasileira recorda que isso era hábito no seu país natal: “A minha família nunca comprou qualquer animal. Todos nós adoramos cães e só adotamos. Temos um, que é tratado como Lanchinho, que foi atirado para um esgoto, resgatado, e depois a minha irmã adotou-o”.
Em Portugal, Silvelene e o marido também ajudam como podem. Além de fazerem donativos regulares ao grupo Intervenção e Resgate Animal (IRA), apoiam os animais das redondezas: “Aqui, no Parque das Nações, há várias colónias de gatos. Damos muita ração, cobertores e o meu marido também constrói algumas casinhas para eles”.
Silvelene, Jorge e Leãozinho esperam apenas que a manifestação e a petição, que já conta com mais de 83 mil assinaturas, surtam efeito. Senão, da próxima vez que o cão marchar, terá de se expressar de uma forma mais efusiva para começarem a amá-lo.
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