Família

Bem-vindo, Saramago. Dono de Manjerico já tem um novo boi

Depois da morte do bovino, Mário Baltazar quis outro animal para ajudar a reparar a saudade.
Para já, Saramago quer sopas e descanso...

Manjerico morreu no dia 31 de outubro. A sua partida deixou um grande vazio no seu dono, Mário Baltazar, e na Lourinhã, onde rapidamente se tornou um símbolo. Mas nada melhor para ajudar a reparar essa saudade que a chegada de outro bovino. E o seu nome não foi escolhido ao acaso.

Duas semanas após a partida do boi mais mediático do País, Mário começou logo a pensar em comprar outro. Aliás, mesmo antes de conhecer o seu novo companheiro, já pedia sugestões de nomes. Alecrim esteve em cima da mesa, mas acabou por se decidir por outro, e apresentou-o como um enigma aos seus seguidores, na página “Os Amigos do Manjerico”.

“Quem quiser pode tentar adivinhar. Tem o nome de uma erva e de um português muito famoso”. Houve quem apostasse em [Fábio] Coentrão, nome de jogador de futebol, mas a resposta só chegou dias depois.

“Acabei por decidir pelo nome de Saramago para fazer uma homenagem ao Manjerico”, contou à PiT. Mário decidiu honrar o seu boi, que morreu cedo demais, através da erva que ele adorava comer, que continua a encher os jardins da sua casa, ao lado do Kartódromo da Lourinhã, de que é proprietário. Além disso, um vídeo cómico ajudou à ideia: “Uma vez, veio cá o artista de rua Vhils fazer uma escultura do escritor José Saramago. E eu encontrei um momento do Manjerico a urinar em cima da mesma”, ri-se.

Assim ficou. O pequeno bezerro com dois meses chegou no domingo, dia 27 de novembro, à antiga casa de Manjerico. E já se sente à vontade na sua cama: “Hoje já dormiu sozinho na casinha dele e portou-se muito bem. Chamou uma vez pela mãe, mas esteve tranquilo”, descreve o dono.

Saramago foi comprado numa quinta. E, sem saber, Mário acabou por dar um final feliz tanto ao boi, como à sua mãe: “Ela estava para ser abatida, porque ela tinha um problema. A vaquinha só teve uma cria, porque o seu útero foi para fora”.

O dono de Saramago refere-se a um prolapso uterino, que acontece quando o parto é projetado pela vagina. O tratamento envolve colocar o órgão novamente dentro da vaca, e a preocupação do seu criador era que mais ninguém a quisesse comprar depois disso. “Ninguém quer uma vaca com estes problemas e que não consegue ter crias”, sublinhou Mário à PiT.

A solução era ir para o matadouro, algo que acontecia no dia a seguir à chegada de Saramago ao novo lar. Mas a notícia dada por Mário no Facebook acabou por salvar a vida da vaca: “Pus lá que o animal ia ser abatido e arrependi-me logo. Houve imensas pessoas a dizer que pagavam a vaca. Queriam é que eu ficasse com ela. Onde é que eu a punha?”, riu-se.

Uma senhora, no entanto, acabou por agir e salvou a vida da vaca. E, apesar das saudades de Saramago da sua mãe, está a ser muito bem tratado por Mário Baltazar.

Uma semana e Saramago já pode ir dar as suas voltinhas pela Lourinhã

Uma das preocupações de Mário Baltazar já é antiga: “Só quero que o vereador não me chateie como fez com o Manjerico”. Refere-se aos passeios que deu pela Praia da Areia Branca, que acabaram com uma queixa na GNR por parte da autarquia, apesar de não ter havido qualquer problema. Por isso, prefere manter Saramago em casa por algum tempo.

“O boi vai ter que se adaptar a andar à mão. Senão, ainda começa aos pulos e a querer fugir”. Mário Baltazar ainda está a trabalhar na sua adaptação em casa, e diz que só daqui a uma semana é que o vai levar à rua. Agora, só banhos e descansos.

“A melhor forma de domesticar um boi é a dar-lhe banho e a escová-lo. É o que a mãe dele faria se estivesse com ele”, explica à PiT. É isso que o dono lhe tem feito e, tal como Manjerico, responde sempre que é chamado pelo animal, para ele saber que está lá quando precisa.

Aliás, foi isso que combinou com a mulher, que seria ele a tratar de Saramago. “A minha mulher não queria que eu comprasse outro boi. Com o meu estado de saúde, tinha medo que fosse ela a acabar por tratar do boi, e ele dá muito trabalho”. Mário foi diagnosticado com fibrose pulmonar, uma doença que implica que Saramago honre o lugar de Manjerico, e comece a carregar a sua mochila de oxigénio às costas.

O amor falou mais alto e Mário acabou mesmo por adquirir um novo boi. E garante que os cidadãos da Lourinhã podem contar em ver Saramago a passear pelas ruas. Sem nunca esquecer Manjerico, o boi será o novo símbolo da cidade.

Carregue na galeria para ver algumas fotografias de Saramago e Manjerico.

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