Quando morre um membro querido da nossa família, a ausência torna-se muito difícil e o luto é um processo duro – e longo. Tudo nos lembra os bons momentos passados juntos e custa pensar que não se repetirão. Se esse membro tiver uma cauda e quatro patas, a dor é igualmente penosa. É por essa tristeza que estão a passar os Bombeiros da Póvoa de Lanhoso, que na passada sexta-feira perderam a sua mascote Labaredas.
“É com profunda tristeza e um imenso aperto no coração que partilhamos a despedida da nossa querida Labaredas, mascote da corporação de bombeiros da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Póvoa de Lanhoso (AHBVPVL). Durante mais de uma década, a Labaredas foi muito mais do que uma cadela – foi uma companheira fiel, uma presença constante no quartel e um verdadeiro símbolo do nosso espírito de missão”, escrevem os soldados da paz nas suas páginas do Instagram e do Facebook, com um vídeo de homenagem à bonita Dálmata.
E a mensagem de despedida prossegue: “Cresceu ao nosso lado, esteve presente nos momentos bons e nos mais difíceis, e conquistou o carinho de todos aqueles que por aqui passaram. A sua memória permanecerá viva entre nós, gravada no coração de cada membro desta casa. Descansa em paz, querida Labaredas. Nunca serás esquecida”.
“Foram 13 anos a caminhar ao nosso lado”
Labaredas tinha também a sua própria conta de Instagram, onde a homenagem lhe foi igualmente feita. “Hoje o quartel teve silêncio. A Labaredas fez parte da nossa família durante 13 anos. Foram 13 anos a caminhar ao nosso lado, entre sirenes e horns, esteve lá nos dias felizes e nos menos felizes, e fez com que o peso do dia fosse mais leve. Quando nos via chegar, recebia-nos sempre com alegria e o seu rabo a abanar demostrava-o, com um olhar atento e o coração sempre disposto. Nunca pediu nada além de carinho, e deu-nos tanto. Não usava farda, mas carregava em si o espírito de um verdadeiro bombeiro: a coragem, a lealdade e amor incondicional”, diz a publicação.
“A Labaredas fez parte da nossa família durante 13 anos… mas chegou o dia de ela descansar em paz e serenidade… e que no lugar onde esteja receba muitas festas na barriga. Que te enrolem nos cobertores. Que reboles no alcatrão. Que te levem a correr como tu adoravas. Que sejas tão ou mais feliz como foste connosco. O teu lugar estará sempre aqui, entre nós, no coração de cada bombeiro que teve a honra de dividir contigo esta jornada. Cumpriste a tua missão… eximiamente!”, remata.
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Labaredas “foi família”
Alguns dos membros da corporação, em publicações nas redes sociais, deixaram também palavras sentidas à sua mascote. “Hoje despedimo-nos, com o coração apertado, não apenas de uma cadela — mas de um símbolo do nosso quartel, de uma presença leal, calorosa e constante. A Labaredas foi mais do que mascote. Foi família. Foi companheira de farda. Foi aquele olhar que confortava nos dias difíceis e a alegria que surgia mesmo quando o dia parecia pesado demais”, desabafa Rita Almeida num post no Facebook onde surge numa foto com a cadelinha.
“Com a sua energia tranquila e o carinho sem medida, ela acompanhou-nos nas rotinas, nas esperas, nos regressos… sempre ali, a lembrar-nos que o espírito dos bombeiros é feito também de amor e de presença. Ela aquecia o nosso dia como o próprio nome – não com fogo destruidor, mas com aquela chama boa que ilumina e aquece o coração. Hoje, sentimos o silêncio no quartel. O espaço vazio onde ela costumava estar. Mas sabemos: a Labaredas nunca vai deixar de estar connosco. Está nas memórias, nas histórias, e em cada ato de coragem que brota do nosso uniforme. Porque um verdadeiro bombeiro – mesmo de quatro patas – nunca abandona a sua missão”, escreve Rita.
O texto termina com um agradecimento e a garantia de que nunca será esquecida. “Obrigada, Labaredas. Por cada dia ao nosso lado. Por cada gesto de ternura. Por seres parte da nossa história. Descansa em paz, querida companheira. Estarás para sempre acesa em nós – não como chama passageira, mas como luz eterna na nossa corporação”.

“Ficas na nossa memória, gravada como ficam os grandes”
Na página Cantinho do Bombeiro também não faltou um tributo à mascote. “Durante 13 anos, viveu o quartel com alma. Corria lado a lado com os operacionais, acolhia os novos voluntários, sentia os momentos de tensão e sabia como ninguém dar conforto quando a tristeza batia à porta. Ela não falava, mas dizia tudo com o olhar. E sabíamos bem que, quando a víamos ao portão ou deitada junto à escada da central, o turno era mais leve. A Labaredas era daquelas presenças que não se explicam. Era símbolo, era carinho, era parte da mobília – daquelas que não se trocam nem se esquecem”, diz o post no Facebook.
“Hoje, os bombeiros choram. Choramos todos, porque quem ama esta missão sabe que até os animais sentem o peso da farda, mesmo sem a vestir. Descansa, Labaredas. Que o céu tenha um cantinho especial para ti, com sirenes suaves e muito carinho à tua espera. Por aqui, ficas na nossa memória, gravada como ficam os grandes – com saudade, com respeito e com amor. Até sempre, companheira”, remata a homenagem.
Percorra a galeria e veja alguns dos bons momentos da doce Labaredas no quartel e com os soldados da paz que adotou como seus – e de cuja família fez e fará sempre parte.