Família

Cães em tribunal? Estes animais estão a ajudar vítimas de abusos nos julgamentos

Ficam ao lado da testemunha durante todo o processo legal. O objetivo é ajudá-las "a ficarem mais calmas e conseguirem respirar."
Um apoio essencial.

Iggy estava sentado ao lado de uma adolescente de 19 anos quando entrou em ação. O Labrador não teve de fazer muito — bastou permitir que ela lhe fizesse festas. Poucos minutos depois, na mesma posição e a olhar algumas vezes para o cão como forma de encorajamento durante o testemunho, a adolescente relatou os quatro anos de abusos que sofreu às mãos do pai.

“Ele é muito calmo”, contou Sierra Robins, a treinadora do cão, ao jornal “Toronto Star.” “Já estive com crianças que estavam mesmo muito emocionadas e lembro-as de olhar para o Iggy e continuar a respirar. Elas acalmam-se imediatamente”, acrescentou. O Labrador reformou-se em 2024, depois de sete anos a trabalhar com a organização Boost Child & Youth Advocacy Centre, especializada em oferecer apoio a miúdos e jovens vítimas de abusos.

Iggy é apenas um nos milhares de cães em todo o mundo que são aceites dentro dos tribunais com um único objetivo: oferecer o apoio emocional e o conforto que muitas vítimas nunca tiveram. Só nos EUA, são mais de 320, segundo o “The Wall Street Journal”. Outros países como o Canadá, a Austrália e o Brasil também já abraçaram a iniciativa.

A Courthouse Dogs Foundation é uma das associações sem fins lucrativos especializada no treino destes animais. Segundo a organização, os cães que são usados ​​neste cenários são “animais de assistência profissionalmente treinados, adequados para prestarem companhia tranquila a indivíduos vulneráveis ​​em ambientes legais sem causarem qualquer interrupção nos procedimentos.”

“Os cães de assistência são animais de trabalho especialmente escolhidos pelo seu comportamento calmo e capacidade de trabalhar em ambientes de elevado stress, diminuindo assim o risco de criar problemas legais”, lê-se no site. “Quando o dia de trabalho termina, vão para casa com o seu treinador principal e aproveitam a ‘folga’.”

 
 
 
 
 
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Há várias regras que precisam de ser seguidas

É de extrema importância que o primeiro encontro entre o cão e a vítima não se realize em tribunal. Para tornar o vínculo mais especial e oferecer mais benefícios às testemunhas, a Courthouse Dogs Foundation partilha que é importante que a dupla tenha encontros prévios antes do julgamento.

“Por vezes, a testemunha e o cão podem envolver-se em algumas interações brincalhonas. No entanto, é muito importante que, quando estiver a discutir questões legais com a testemunha, o cão esteja fisicamente disponível para receber festas calmamente ao seu lado, ou que seja colocado no chão para se deitar e ficar calmamente à vista da testemunha”, explica.

O processo de treino dos animais é também um desafio para os treinadores. É preciso ensiná-los a estar quietos e a não se mexerem muito durante os julgamentos. Para tal, recebem o mesmo tipo de treino que um cão-guia ou um cão de terapia. Em muitos casos, os cães acabam por adormecer nos tribunais.

Outro ponto-chave é garantir que tanto a vítima, como o cão estão confortáveis ​​no banco das testemunhas durante o julgamento. Muitos miúdos e adolescentes preferem tocar nos animais com os pés (e para isso, andam descalços), em vez de se baixarem para lhes fazer festas.

De seguida, carregue na galeria para ver alguns dos animais em ação.

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