Já foi comprovado que os gatos reagem a conversas “à bebé” – se perguntar ao seu felino “quem é o xaninho mai’lindo da dona?”, certamente irá gostar –, mas agora um novo estudo vem demonstrar que os cães também prestam mais atenção se lhes falarem dessa forma, especialmente se forem mulheres a fazê-lo.
Num estudo publicado em agosto na revista científica “Communications Biology”, uma equipa de investigadores húngaros da Universidade Eötvös Loránd, revelam grandes semelhanças nas reações cerebrais das crianças e dos cães enquanto processam vozes com uma inflexão exagerada, num ritmo quase cantado.
Quando comunicamos com um interlocutor com uma limitada competência linguística – caso das crianças de tenra idade e dos cães –, tendemos a exagerar na vocalização e inflexão, de modo a captar-lhes a atenção. Essa linguagem especialmente dirigida às crianças, conhecida como “maternalês”, é muito importante, já que ajuda ao seu desenvolvimento cognitivo, social e linguístico. Por isso, não é de surpreender que um miúdo fique mais atento a este tipo de discurso – mas o que este estudo demonstrou é que com os cães sucede precisamente o mesmo, pois são sensíveis à forma como se fala com eles.
Os investigadores avaliaram a atividade cerebral dos cães através de uma ressonância magnética funcional junto de 19 cães enquanto estes ouviam três tipos de discursos diferentes – direcionados para cães, crianças e adultos – gravados por 12 mulheres e 12 homens em interações da vida real.
Os 19 cães (11 machos e 8 fêmeas), com idades entre os dois e os dez anos, repartiram-se por várias raças: cinco Golden Retriever, três Border Collie, três Cocker Spaniel, um Pastor Australiano, um Cão de Crista Chinês, um Cairn Terrier, um Labrador Retriever e quatro cães sem raça definida. Todos eles estavam habituados a interações diárias com homens e mulheres e a maioria (16) vivia em lares com ambos os géneros.
Antes da experiência, todos eles tiveram treino especial, incluindo elementos de condicionamento e aprendizagem social, através do reforço positivo, para aprenderem a manter-se quietos durante a realização da ressonância.
E porque prestaram os patudos ainda mais atenção quando a voz era feminina? Isso poderá prender-se, segundo os investigadores, com o facto de as mulheres hiperarticularem mais as vogais do que os homens quando estão a falar “à bebé”, além de normalmente usarem também um leque mais amplo de tons.
“A maior sensibilidade do cérebro dos cães ao discurso de uma mulher dirigido especificamente aos patudos pode dever-se ao facto de as mulheres falarem frequentemente com os cães usando uma inflexão mais exagerada do que os homens”, explica Anna Gábor, uma das autoras do estudo, citada no comunicado da universidade.
Estas descobertas comprovam, assim, que a forma como falamos com um cão é importante e que o seu cérebro é especificamente sensíveis a tons de vozes com timbres mais agudos, típicos da voz feminina.
Percorra a galeria para conhecer as principais características de algumas raças de cães.